Brasil

MP denuncia Vale e 16 pessoas por rompimento da barragem de Brumadinho

Polícia Civil concluiu investigações e entregou inquérito nesta terça-feira (21/1)

Correio Braziliense
postado em 21/01/2020 12:52
Bombeiros já vasculharam 95% da área de rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do FeijãoÀs vésperas de completar um ano do rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Ministério Público de Minas Gerais vai apresentar denúncia contra as empresas Vale S.A. e Tüv Süd Bureau de Projetos e Consultoria Ltda.

De acordo com o MPMG, a denúncia ainda vai contra 16 pessoas – que podem ser funcionários e executivos – por crimes decorrentes do rompimento da barragem no dia 25 de janeiro de 2019.

Dos 16 indiciados e denunciados, 11 ocupavam os seguintes cargos na Vale: Fábio Schavartsman (diretor-presidente), Silmar Magalhães (diretor do Corredor Sudeste), Lúcio Flavo Gallon Cavalli (diretor de planejamento e desenvolvimento de ferrosos e carvão),  Joaquim Pedro Toledo (gerente executivo de planejamento, programação e gestão do Corredor Sudeste), Alexandre de Paula Campanha (gerente-executivo de governança em geotecnia e fechamento de mina), Renzo Albieri Guimarães de Carvalho (gerente operacional de geotecnia do Corredor Sudeste), Marilene Cristina Oliveira Lopes de Assis Araujo (gerente de gastos de estruturas geotécnicas), César Augusto Paulino Grandchamp (especialista técnico em geotecnia do Corredor Sudeste), Cristina Heloisa da Silva Malheiros (engenheira sênior junto à gerência operacional), Washington Pireteda Silva (engenheiro especialista da gerência executiva da governança em geotecnia e fechamento de mina) e Felipe Figueredo Rocha (engenheiro civil na gerência de gestão de estruturas).

Os outros 5 ocupavam os seguintes cargos na Tüv Süd: Chris Peter Mier (gerente geral da empresa), Ansênio Júnior (consultor técnico), André Juni Yassuda (consultor técnico), Makoto Namha (coordenador) e Marlúcio Oliveira Coelho (especialista técnico).
 
Os detalhes da denúncia serão fornecidos em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (21/1). A Polícia Civil também estará presente para tratar da conclusão das investigações. Segundo a PC, o inquérito policial também foi entregue formalmente nesta terça-feira.

Em nota, a Tüv Süd informou que aguarda esclarecimentos e que "continua profundamente consternada pelo trágico colapso da barragem em Brumadinho".

"Um ano após o rompimento, suas causas ainda não foram esclarecidas de forma conclusiva. Como era esperado, as investigações levam um tempo considerável: muitos dados de diferentes fontes precisam ser compilados, apurados e analisados. Por esse motivo, as investigações oficiais continuam", informou a empresa em nota.
 
Confira na íntegra nota enviada pela Vale 

“A Vale informa que tomou conhecimento nesta data, 21 de janeiro de 2020, do oferecimento de denúncia pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com relação ao rompimento da Barragem I, na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).

Sem prejuízo de se manifestar formalmente após analisar o inteiro teor da denúncia, a Vale desde logo expressa sua perplexidade ante as acusações de dolo.  Importante lembrar que outros órgãos também investigam o caso, sendo prematuro apontar assunção de risco consciente para provocar uma deliberada ruptura da barragem.

A Vale confia no completo esclarecimento das causas da ruptura e reafirma seu compromisso de continuar contribuindo com as autoridades.” 

Operação Brumadinho

As buscas por vítimas chegam ao 362º dia nesta terça-feira (21/1). O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais permanece nas áreas de busca com 75 militares que trabalham com auxílio de drones, 91 maquinários e 28 caminhonetes. Ao todo, são 17 equipes atuando em 14 frentes de trabalho.

Vítimas da tragédia

Os traumas provocados pelo rompimento da barragem da Vale elevaram o consumo de remédios para transtornos psicológicos. A tragédia completa um ano no sábado, dia 25.

A avalanche de lama e rejeitos de mais de 10 milhões de metros cúbicos (m3) que resultou na morte de 270 pessoas, sendo 11 desaparecidas, acrescentou à realidade da população atingida caixas e mais caixas de medicamentos para a saúde mental, debilitando radicalmente seu comportamento.
 

 
No município, do ano passado para este, o consumo público de ansiolíticos aumentou 79%, o de antidepressivos subiu 56% e o de medicamentos em geral ampliou 233% segundo a prefeitura local, que precisou contratar pessoal e ampliar sua rede de assistência para lidar com tantas pessoas vítimas de estresse pós-traumático. (Mateus Parreiras)
 
* Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira 

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