Correio Braziliense
postado em 24/01/2020 07:27
A infecção de humanos por um novo tipo de coronavÃrus pode ter começado em cobras, sugere um estudo de pesquisadores chineses divulgado na quarta-feira, 22, no periódico cientÃfico Journal of Medical Virology. Diante da urgência em entender a origem e os modos de transmissão da doença, cientistas de quatro instituições chinesas analisaram o RNA do vÃrus e compararam os dados obtidos com caracterÃsticas de outros coronavÃrus frequentemente achados em animais comuns no paÃs asiático.
A suspeita de que a transmissão tenha sido iniciada por um animal contaminado é forte, pois os primeiros casos foram em trabalhadores e frequentadores de um mercado de peixes de Wuhan, na China, onde o surto começou. No mercado, são vendidos, além de pescados e frutos do mar, animais silvestres vivos, como coelhos, morcegos, sapos e cobras.
Os cientistas descobriram que, de todos os vÃrus de animais testados, o que tem maior similaridade com o novo coronavÃrus foi uma cepa encontrada em duas espécies de cobras muito comuns na China: a Bungarus multicinctus e a Naja atra, conhecida como cobra chinesa. Com isso, dizem os cientistas no artigo, as cobras são a origem mais provável do surto.
Eles descobriram ainda que o novo coronavÃrus surgiu a partir da combinação de outros dois tipos de vÃrus da mesma famÃlia. Um deles veio de um morcego. O outro é de origem desconhecida. Essa combinação pode ter tornado possÃvel a transmissão para humanos.
Segundo Celso Granato, infectologista especialista em virologia e diretor clÃnico do Grupo Fleury, a transmissão de vÃrus entre cobras e humanos é muito rara, mas entre morcegos e humanos é mais comum.
"O estudo mostra que o novo coronavÃrus tinha uma base de vÃrus de cobra e um pedaço de vÃrus de morcego. Só que esse pedaço de morcego é justamente o responsável pela transmissão. Esse vÃrus pode ter se tornado transmissÃvel para humanos por causa da combinação." Mas ele diz que, como a doença é recente e a transmissão de doenças entre cobras e humanos é rara, é preciso ter mais estudos para confirmar a hipótese.
"O que não fica claro é como ocorreu essa transmissão. Dificilmente foi por picada de cobra porque isso seria facilmente identificado. Pode ter sido pelo manuseio do animal ou pela ingestão da carne de cobra, não sabemos ainda", diz Granato.
Segundo os cientistas chineses, a origem em cobras ajudaria a explicar por que a doença tem apresentado baixa letalidade e capacidade limitada de transmissão em humanos. "Cobras são répteis de sangue frio, com temperatura mais baixa do que os humanos. Consequentemente, o 2019-nCoV (novo coronavÃrus) provavelmente será atenuado após a infecção em humanos", destacam os autores do artigo.
Eles ressaltam, porém, que o vÃrus pode sofrer adaptações após infectar humanos, o que pode mudar o cenário de baixa letalidade e transmissibilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.