Brasil

Jornalista Bruno Azevedo é investigado por golpe de R$ 6 milhões

A investigação começou com o suposto desaparecimento do radialista no final de 2019

Correio Braziliense
postado em 24/01/2020 10:31

O caso do radialista Bruno Azevedo, que a princípio foi investigado como desaparecimento, é agora um inquérito de estelionato, pela criação de um golpe de pirâmide financeira, com pena prevista de um a cinco anos de detenção. Segundo os delegados Domiciano Monteiro, chefe da Divisão de Fraudes da Polícia Civil, e Marlon Pacheco, que cuida das investigações, várias vítimas do golpe praticado pelo ex-profissional da Rádio Itatiaia, hoje licenciado, procuraram a delegacia e, com base em documentos apreendidos, o inquérito está próximo de ser concluído.

 

Tudo começou no fim de outubro do ano passado, quando a família de Bruno Azevedo procurou a Delegacia de Desaparecidos denunciando o sumiço dele. “Depois que a família informou à polícia que o radialista havia reaparecido, começamos a ser procurados por pessoas vítimas de estelionato, mostrando conversas de WhatsApp com o referido, dando conta de um golpe e dizendo que tinham sido enganadas”, afirmou o delegado Domiciano.

 

O delegado Marlon e o investigador Alexandrino Guilherme foram acionados e passaram a cuidar do caso. “Começamos a investigação e chegamos a transações milionárias. Comprovadas, até o momento, entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões. Isso, somente em golpes nos últimos dois anos, mas temos indícios que ele vinha agindo dessa maneira há pelo menos cinco anos e que o total seria de R$ 10 milhões”, diz Marlon.

 

O delegado chegou, também, à conclusão de que o desaparecimento foi voluntário. “Primeiro, ele esteve em Patos de Minas, depois Goiás. Isso já havia sido rastreado. Foi a partir desses lugares que conseguimos descobrir transações financeiras, documentos que estão no processo. Ainda estamos refazendo o caminho do dinheiro.”

 

O golpe

Segundo o delegado Marlon, Bruno Azevedo tinha um padrão de vida elevado, muito acima de seus ganhos na rádio. Para isso, ele criou um suposto sistema de negociação de anúncios na Itatiaia, em que usava o nome da emissora – por isso, a empresa também é vítima do radialista.

 

Bruno procurava pessoas propondo a venda de espaços publicitários na rádio, que dariam retorno quando fossem comercializados com anunciantes. “Ele prometia um investimento em horários na programação da rádio e essas pessoas seriam remuneradas quando da venda desses horários. Assim, teriam lucro. A pessoa dava o dinheiro e chegava a receber migalhas como sendo o retorno do investimento. Seria assim, colocava uma quantia nas mãos dele, supomos R$ 10 mil, e de vez em quando ele entregava para a pessoas, R$ 200, R$ 300. Mas o montante inicial jamais foi devolvido”, conta o delegado Marlon.

 

Oito vítimas já foram identificadas. “Calculo que seja um prejuízo de R$ 2,6 milhões somente em 2019. Além disso, ele lesou, também, colegas de trabalho”, conta o delegado, que garante não ter aparecido ainda nenhum caso de falsificação. Ontem de manhã, policiais estiveram na casa do radialista, que nega tudo. “Ele não quer falar”, diz Marlon. Documentos e celulares foram apreendidos.

 

Um detalhe surpreendente entre as vítimas é que até mesmo policiais, sendo um delegado, caiu no golpe. “Para chegar a isso, conseguimos quebra de sigilo financeiro e de telefone. A movimentação financeira dele era muito alta”, completa Marlon. 

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