Correio Braziliense
postado em 25/01/2020 08:22
As 2.906 pessoas assassinadas em São Paulo em 2019 representam a menor quantidade de vÃtimas de homicÃdio registrada no Estado desde 2001, quando os dados começaram ser coletados de forma uniformizada. A taxa de 6,5 vÃtimas por 100 mil habitantes mantém as cidades paulistas como as menos violentas do PaÃs. Os dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública mostram também queda nos roubos e latrocÃnios. Destoam da redução os números de feminicÃdio (alta de 34%), de estupro (3,5%) e de letalidade policial (alta de 1,8%).
A queda no número de homicÃdios repete a tendência de redução notada no Estado desde 2001, quando foram registrados 13.133 assassinatos. De lá para cá, os registros só não caÃram em dois anos (2009 e 2012), perÃodos marcados por confrontos com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A redução de 2019 em relação a 2018 foi de 200 vÃtimas e, no ano passado, os casos continuaram concentrados na capital (23%) e em cidades da Grande São Paulo (20%), onde também há concentração de população.
Para a secretaria, o que explica a queda consecutiva é um trabalho de inteligência associado à tecnologia. "Colocamos a polÃcia onde há maior probabilidade de o crime acontecer, as manchas criminais - hot spots, como são chamadas. Essa distribuição do efetivo gera pronta resposta com efeitos sobre a redução da criminalidade", diz o coronel Ãlvaro Camilo, secretário executivo da PolÃcia Militar.
A retirada de armas de fogo de circulação - foram apreendidas 12,8 mil em 2019 - e o combate ao crime organizado são fatores-chave para entender a redução, diz Camilo. O homicÃdio frequentemente tem relação com a disputa pelo mercado ilegal de drogas, explica o oficial.
Mulheres
Uma parte das mortes que atende a uma dinâmica distinta são os feminicÃdios, que de forma mais recorrente acontece dentro da casa da vÃtima e é cometido por pessoas do seu convÃvio. No Estado, foram 182 feminicÃdios no ano passado, alta de 34% em relação aos 136 casos registrados no ano anterior.
A classificação de homicÃdio ocorre quando o assassinato é cometido, por exemplo, em contexto de violência doméstica ou discriminação à condição de mulher. Essa classificação foi aplicada em 41% dos 444 casos de mortes de mulheres no ano passado.
A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, pondera que, em parte, a alta nos feminicÃdios decorre da melhor classificação do crime por parte da polÃcia. Mas ela ressalta que as mortes de mulheres não têm acompanhado o ritmo de queda dos homicÃdios totais, o que pode indicar uma situação de agravamento da violência contra elas. Nos últimos quatro anos, conta Samira, os homicÃdios totais caÃram 21% e os homicÃdios de mulheres, 6%.
A preocupação com o aumento da violência contra a mulher se dá pela observação de outros indicadores, como o estupro, que teve alta, e das agressões. "A polÃtica pública em geral e a polÃtica de segurança está falhando em preservar a vida da mulher e mantê-la em segurança. Atuar contra isso é hoje o maior desafio de São Paulo", diz Samira.
Ela diz que, para reverter o cenário, é necessária a participação de diferentes atores, como governo e prefeituras, com ação em frentes como assistência social, saúde e também na segurança. Para explicar o dado, Camilo diz que está havendo melhor classificação dos casos, mas ressalta a preocupação em relação aos dados. "Estamos melhorando o treinamento e atuando com mais delegacias especializadas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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