Uma dor devastadora

Correio Braziliense

postado em 26/01/2020 04:04

"Dói demais o jeito que vocês foram embora" — a frase forte e dolorida permeou, ontem, as homenagens às vítimas do rompimento da Barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Há um ano, às 12h28, 270 pessoas se tornavam “saudade” no coração de familiares, amigos, colegas de trabalho e de quem se comoveu com a maior tragédia ambiental e humana da história do país.

O dia começou com 272 balões subindo aos céus, simbolizando os 259 mortos, 11 desaparecidos, e duas crianças que estavam no ventre de suas mães. Em cerimônia na Base Bravo dos Bombeiros, em Córrego do Feijão, com a presença do governador Romeu Zema, os aplausos calorosos ao subcomandante dos bombeiros em Minas Gerais, coronel Erlon Dias do Nascimento Botelho, trouxeram à memória as cenas de resgate na lama.

Na cerimônia, o governador lançou a pedra fundamental de um memorial. Uma das representantes da Associação dos Familiares de Vítimas do Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão Brumadinho (Avabrum), Kênia Lamounier, destacou que a história é para jamais ser esquecida. Pediu “paz e tranquilidade” e lembrou que o memorial terá como base a dignidade, com tributo e reverência à vida.

O papa Francisco se pronunciou sobre a tragédia pelas redes sociais. O pontífice publicou uma mensagem endereçada aos fiéis que vão se reunir na tarde de hoje para a I Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte a Brumadinho. "Neste primeiro aniversário da tragédia de Brumadinho, rezemos pelos 272 irmãos e irmãs que foram soterrados e lamentemos a contaminação de toda a bacia fluvial. Ofereçamos a nossa solidariedade às famílias das vítimas, um apoio à Arquidiocese e a todas as pessoas que estão sofrendo e que necessitam de nossa ajuda", disse o papa, em vídeo.

A Vale decidiu elevar, na noite de ontem, o nível de emergência da Barragem Sul Inferior da empresa, na cidade de Barão dos Cocais. A mineradora subiu para 2 o nível de alerta, sendo que 3 representa o risco de rompimento iminente. De acordo com a companhia, ocorreu uma "erosão na parte interna do reservatório da estrutura" da barragem, "que se mantém estável".

De acordo com a empresa, existe um plano que pode ser acionado em caso de rompimento. "Uma contenção de concreto construída em caráter emergencial foi projetada para minimizar os riscos para Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. A contenção possui 36m de altura por 330m de extensão e está a 6km da barragem", disse, em nota. O alerta deve permanecer enquanto as tempestades atingirem o estado.