Brasil

Brasília registra deflação em janeiro; só ficou atrás de duas capitais

A capital federal ficou atrás de São Luís e de Rio Branco, que tiveram quedas de 0,19% e de 0,21% no IPCA, respectivamente

Correio Braziliense
postado em 08/02/2020 07:00
Marlene Gomes não percebeu recuo nos preços e reclama das remarcações: Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta em 13 das 16 capitais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Brasília ficou em terceiro lugar entre cidades que registraram deflação, com recuo de 0,12% no custo de vida em janeiro. A capital federal ficou atrás de São Luís e de Rio Branco, que tiveram quedas de 0,19% e de 0,21% no IPCA, respectivamente.

O economista do IBGE e gerente do IPCA, Pedro Kislanov, explicou que a deflação em janeiro na capital federal teve contribuição da gasolina, que registrou a maior queda nas áreas pesquisadas, de 1,87%, e também da retração no preço das passagens aéreas. “Como o combustível tem um peso de 6,88% na composição do indicador, acabou pesando. Outro dado importante no setor de transportes foi o bilhete aéreo, que, depois de subir 20,47%, em dezembro, recuou 7,69% em janeiro no DF”, comentou. Na contramão, ele citou entre as maiores altas a da passagem de ônibus, de 5%, e a do valor de condomínios, de 1,42%.

Contudo, para o motorista de aplicativo Antônio Sérgio Batista, 41 anos, os combustíveis não tiveram a queda de preço apontada pelo IBGE na capital federal. Antônio, que trabalha durante oito horas por dia, de segunda-feira a sábado, sonha com a possibilidade de redução dos preços da gasolina, pois pagaria muito menos para poder rodar de carro pela cidade. Ele gasta R$ 600 por semana para abastecer o carro. “No ano passado, dava para achar gasolina por R$ 3,99 em alguns lugares. Este ano, não chegou nesse patamar ainda. O preço até que baixou da semana passada para cá, mas ainda está muito alto”, reclamou.

A terceirizada Marlene Gomes, 60 anos, também não percebeu alívio no custo de vida. Ela reclama dos preços que não param de subir e contou que faz malabarismo para não faltar comida em casa e ainda conseguir pagar todas as contas. “A gente até tenta economizar numa coisa ou em outra, mas parece que nunca muda, e tudo fica mais caro. Se consigo diminuir a conta de água, a energia aumenta”, disse Marlene, que mora com um de seus três filhos. Ela se queixou dos reajustes do condomínio e da passagem de ônibus, em janeiro. “E, para piorar, ainda tem o ônibus que aumentou. Se quiser ir em qualquer lugar, vou ter que gastar mais outra fortuna”, completou.

De acordo com Kislanov, com a nova metodologia adotada pelo IBGE, Brasília ganhou mais peso no cálculo do IPCA: passou a representar 4,06% do indicador, ante 2,8% anteriormente. “Na capital federal, o rendimento das famílias é mais elevado, que é uma importante variável para o peso dentro do IPCA”, explicou. Segundo ele, São Paulo continua tendo o maior peso no indicador, tendo passado de 30% para 32,28%. O Rio de Janeiro perdeu participação, caindo de 12,06% para 9,43%.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

INPC sobe 0,19% no mês

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede o custo de vida das famílias mais pobres, com renda até cinco salários mínimos, registrou alta de 0,19% em janeiro e também desacelerou em relação a dezembro, quando teve alta de 1,22%. O INPC é utilizado para o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias. No acumulado em 12 meses até janeiro, a alta foi de 4,30%. Esse dado ficou abaixo da elevação de 4,48% registrada no ano passado, sinalizando leve desaceleração como na inflação oficial. Brasília registrou a menor variação anual do INPC entre as 16 capitais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com alta de 3,37%. A lista é liderada por Belém, com salto de 5,96%, seguida por Goiânia, com elevação de 3,96%. Salvador ficou em terceiro lugar, com variação de 3,93% no indicador.

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