Correio Braziliense
postado em 09/02/2020 21:33
Moradores de Pacaraima (RR) bloquearam a passagem na fronteira entre o Brasil e a Venezuela em protesto contra o estupro de uma adolescente, crime que teria sido cometido por um refugiado venezuelano na cidade, na manhã de sexta-feira, dia 7. O suspeito foi preso. A vÃtima também é venezuelana, mas estuda e reside em Pacaraima.
Dezenas de moradores, revoltados com o crime, desceram a bandeira nacional a meio mastro no marco BV-8, monumento na linha de fronteira onde ficam hasteados os pavilhões dos dois paÃses. O ato ocorreu na noite de sábado, dia 8. Com cones e carros, os brasileiros ocuparam a rodovia BR 174, que vai de Roraima à cidade de Santa Elena do Uairén, a primeira em território venezuelano.
Os protestos começaram na sexta-feira, dia 7, se repetiram no sábado e devem continuar pelo menos até a segunda-feira, dia 10, quando há uma nova convocação para tentar fechar a fronteira.
Na sexta-feira, os moradores haviam realizado uma caminhada improvisada até a zona de fronteira e deixaram o local a pedido do Exército, sem confrontos.
Neste domingo, dia 9, em outra tentativa de bloquear a passagem, uma multidão foi dispersada com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo pelas forças de segurança. A PolÃcia Rodoviária Federal estacionou viaturas e bloqueou, com a tropa de choque, a aproximação de moradores das estruturas de órgãos como a PolÃcia Federal e a Receita Federal, instalados metros antes da faixa de fronteira.
Em vÃdeos a que o Estado teve acesso, é possÃvel ver vereadores e o prefeito Juliano Torquato (PRB) discutindo com um policial rodoviário federal. O policial exige que o prefeito e a população deixem o em local em "meia hora" - o agente ameaça usar a força se não for atendido. "Foi uma situação horrÃvel, tacaram (sic) bombas de gás e balas de borracha, havia famÃlias e crianças", disse Torquato.
Em outra gravação, o prefeito pede a remoção de uma vez por todas dos acampamentos de refugiados montados pela Operação Acolhida. O Exército também reforçou o policiamento próximo à entrada da sede da operação.
Torquato reclama não ter obtido nenhuma resposta das forças de segurança quanto aos pleitos de ajuda ao municÃpio. "Não conseguimos nenhuma resposta do governo federal nem estadual", disse o prefeito à reportagem.
O clima é de tensão na cidade, porta de entrada de venezuelanos no PaÃs. Em 2018, um assalto violento a um comerciante desencadeou uma onda de ataques e protestos cometidos por centenas de moradores brasileiros, que expulsaram os venezuelanos e incendiaram acampamentos.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.