Correio Braziliense
postado em 11/02/2020 04:15
As fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo desde a noite de domingo causaram diversos transtornos entre alagamentos, deslizamentos e quedas de árvores. Foi o maior volume registrado em 24 horas para o mês de fevereiro em 37 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O nível de água atingiu cerca de 100 milímetros em três horas, e os rios Pinheiros e Tietê transbordaram, fazendo com que trechos de vias importantes ficassem intransitáveis. A intensidade da chuva só deve diminuir a partir de amanhã. As autoridades recomendam que a população não saia de casa.
Além dos estragos registrados em São Paulo, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) prevê um alto risco de inundações e deslizamentos de terra na região centro-sul de Minas Gerais, que sofreu com os temporais no último mês e nas regiões serrana e metropolitana do Rio de Janeiro. No leste de Santa Catarina e do Paraná, há um risco moderado de deslizamentos. Segundo a porta-voz do órgão da estrutura do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), estão sendo enviados alertas para as unidades de Defesa Civil dos estados e municípios dessas regiões.
O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) chegou a registrar o total de 131 pontos de alagamentos na capital e região metropolitana de São Paulo. Até as 18h de ontem, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo recebeu mais de 7.650 mil chamados, destes, 978 chamados por alagamentos, 169 por desabamentos/desmoronamentos e 195 ocorrências de queda de árvores. Uma pessoa ficou ferida num desabamento em Pirapora de Bom Jesus. As chuvas que chegaram ao interior paulista deixaram dois desaparecidos, mas até o momento não houve o registro de morte.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) começou a segunda-feira com operação parcial em algumas linhas. Ao longo do dia, os trens voltaram a transitar normalmente. Ao menos 115 ônibus urbanos deixaram de circular na cidade, segundo a prefeitura. Diversos locais suspenderam o expediente de trabalho, 43 escolas municipais tiveram as aulas canceladas e outras 41 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) deixaram de funcionar em virtude de alagamentos. O rodízio de carros permanecerá suspenso nesta terça-feira pela manhã.
A analista de produção Mariana Ventura, de 33 anos, contou ao Correio que conseguiu chegar ao trabalho no bairro Ipiranga, mas se surpreendeu ao ver os estragos causados pelo temporal. “A própria empresa, que fica numa área mais plana, teve pontos internos de alagamento e algumas perdas. Hoje, tivemos uma média de 30% de faltas e atrasos. Estamos em estado de alerta”, disse.
Reembolso de IPTU
O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), afirmou que o excesso de chuvas que atingiu a cidade durante a madrugada de domingo para segunda foi a principal causa dos alagamentos. “Desde as 3h, em alguns pontos da cidade choveu metade do que era previsto para o mês de fevereiro, o que levou ao transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros e prejudicou a fluidez das águas da chuva, alagando várias vias da capital paulista. Para se ter uma ideia, dos 51 pontos de alagamento na cidade neste momento, 40 são nas marginais Tietê e Pinheiros”, disse.
Covas negou que a prefeitura tenha deixado de fazer o trabalho de prevenção de enchentes e declarou que todos os piscinões da cidade estão em perfeito estado de funcionamento. O prefeito disse que medidas estão sendo tomadas para acolher os desabrigados e permitir que a cidade retome a normalidade o mais rápido possível.O prefeito também declarou que os moradores da cidade que se sentirem prejudicados pelos alagamentos podem pedir ressarcimento de impostos nas subprefeituras.
Pelas redes sociais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou monitorar situação. Ele está em viagem a trabalho para Dubai. “A Defesa Civil do Estado está mobilizada junto com a Defesa Civil dos municípios, especialmente São Bernardo, São Caetano e Santo André. Igualmente o setor de transportes, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e das concessionárias, com atenção redobrada nas rodovias para evitar o trânsito onde há perigo de desmoronamento. Atenção máxima em todo o estado de São Paulo”, disse.
* Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
131
Número de pontos de alagamento na capital e na região metropolitana de São Paulo.
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