Brasil

Tecnologia é importante para controlar fluxo de pessoas nos grandes centros

O GPS do celular, ao qual as operadoras têm acesso, monitora o deslocamento dos donos dos aparelhos

Correio Braziliense
postado em 13/02/2020 06:00
O GPS do celular, ao qual as operadoras têm acesso, monitora o deslocamento dos donos dos aparelhosO avanço da epidemia de coronavírus no Brasil e no mundo obriga governos e profissionais de diversos setores a unirem esforços para tentar impedir a disseminação da doença. Além de montar hospitais emergenciais, comprar equipamentos e ampliar equipes de saúde, a estratégia se volta agora para reunir informação e o uso de tecnologias a fim de vencer o inimigo invisível. Para tentar achatar a curva, ou seja, conter ao máximo o aumento do número de infectados e as mortes, o governo de São Paulo firmou parceria com operadoras de telefonia para avaliar qual parcela da população está cumprindo a quarentena.

O GPS do celular, ao qual as operadoras têm acesso, monitora o deslocamento dos donos dos aparelhos. Foi assim que o governo paulista descobriu, no fim de semana, que apenas 47% dos cidadãos estavam respeitando o confinamento e que a taxa de pessoas que ficam em casa reduz vertiginosamente. Ontem, o nível de isolamento subiu para 55%. 

O monitoramento telefônico foi fundamental para a China controlar os casos da doença. Na semana passada, a cidade de Wuhan, o epicentro da infecção no país, reabriu as fronteiras para quem quisesse entrar ou sair da região. Mas para deixar a cidade, os moradores precisavam levar seus celulares. Nos aparelhos foi instalado um aplicativo que monitora a localização e com quem o morador teve contato. A estratégia é usada para impedir que pessoas infectadas ou que tiveram contato com pacientes saiam da região e provoquem um novo surto.

O especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna, professor de gestão de crises, afirma que o uso do posicionamento geoespacial dos celulares para monitorar a quarentena pode ser ampliado para todos os estados brasileiros. “Existe a possibilidade de rastrear a localização das pessoas em todo o território nacional. Esse tipo de medida é tomada em outras situações. Por exemplo, nos EUA, existem programas que já estão sendo usados no Brasil, em que problemas específicos, como o sequestro de uma criança, são resolvidos. Atualmente, é possível encaminhar mensagens para um número de celular em uma região desenhada. Pode-se encontrar pessoas que estão na localidade e pedir que elas fiquem atentas a um tipo de delito. Assim elas podem colaborar com o estado, repassando informações, por exemplo”.

Leonardo destaca a possibilidade de usar dados de localização em tempo real para saber o nível de movimentação das pessoas. Até mesmo aplicativos, ou parcerias com empresas de tecnologia podem ser úteis para a coleta de dados, inclusive sobre o estado de saúde das pessoas, com a finalidade de encontrar, isolar e tratar eventuais infectados. “As empresas de tecnologia também poderiam colaborar com essa localização e até mesmo no monitoramento dos sintomas. Hoje já existe empresa privada que faz esse monitoramento. Uma vez por dia a pessoa diz se está ou não apresentando sintomas do coronavírus. Assim essa informação pode chegar ao governo de maneira rápida e voluntária”, exemplifica.

Conexão limitada

Um entrave no Brasil é a baixa qualidade de internet e a possibilidade de limitar ou cortar a rede móvel dos aparelhos de celular. A Justiça proibiu corte do sinal por falta de pagamentos, mas a decisão não vale para pacotes de internet. Ao contrário da internet banda larga, a móvel, mesmo atingindo mais brasileiros que a rede fixa, pode ser limitada pelas operadoras. As companhias sugeriram ao governo a distribuição de vouchers de R$ 15 para as pessoas mais pobres, a fim de manter a conexão. Esse valor, que custaria R$ 810 milhões ao longo de quatro meses, poderia atender com 1 ou 2 gigas de internet por família a cada 30 dias. O foco seria 15 milhões de famílias cadastradas no Bolsa Família.

Já está em andamento um sistema de ligações com reconhecimento de voz para identificar eventuais casos de coronavírus no país. Na impossibilidade de realizar milhões de testes de forma imediata, para identificar o nível de expansão do coronavírus, o Ministério da Saúde está telefonando para 50% da população, cerca de 102 milhões de pessoas, a fim de monitorar a situação em todos os estados. O foco são brasileiros que apresentem dor de garganta, febre e dificuldade para respirar.

Ao receber a ligação, se a pessoa informar algum sintoma, que também pode ser típico de outras doenças, como gripe, o cadastro do morador é incluído no sistema como caso que merece atenção. O paciente passa a receber ligações a cada dois dias, a fim de verificar seu quadro de saúde. Se a situação se agravar, uma equipe de saúde itinerante pode ser acionada para ir até o local. 


Forbes elogia renda mínima
A Forbes destacou o programa de renda mínima, lançado na semana passada pelo governo federal, como um dos maiores e mais rápidos esquemas de inclusão financeira no mundo. A revista destaca o uso da tecnologia digital para atender a 54 milhões de brasileiros com direito a receber o auxílio emergencial de R$ 600, em particular a parcela da população sem nenhum acesso a serviço bancário. Esse contingente, estimado em 30 milhões, terá acesso a uma poupança digital na Caixa Econômica Federal. Além do programa renda mínima, a seção de inovação da Forbes noticiou o sistema de monitoramento de pessoas lançado pelo governo de São Paulo, em parceria com empresas de telefonia.  
 
 

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