Brasil

Morte de bebê alerta que é preciso vacinar

Criança de 8 meses não resiste e é o primeiro caso da doença este ano no país. Na 1ª infância, mais de 800 mil ficaram sem imunização em 2019. Somados aos adultos, aproximadamente 10 milhões estão desprotegidos

Correio Braziliense
postado em 15/02/2020 04:13


A baixa adesão às campanhas de vacinação contra o sarampo tem impactado no combate à doença no Brasil. O objetivo do Ministério da Saúde era ter zerado os casos ainda no ano passado. Mas, ontem, foi anunciada a primeira morte em decorrência do vírus: David Gabriel dos Santos, de 8 meses, o primeiro óbito pela doença neste ano. O bebê morreu em 6 de janeiro, depois de ficar 16 dias internado. Ele morava em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, região com o maior número de incidências do Rio de Janeiro e, como muitas crianças, jovens e adultos, também não havia recebido a vacina. Existem outros 336 registros da doença confirmados em todo o país.

“A campanha foi preparada para eliminar a circulação do sarampo no território nacional. A segunda fase, direcionada para o público de 20 a 29 anos, teve uma adesão muito baixa. Foram distribuídas cerca de 9 milhões de doses, mas aplicamos pouco mais de 1,8 milhão”, lamentou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.

Mais de 824 mil crianças, de 2 a 4 anos, também ficaram sem a imunização em 2019. Somado ao público de adultos de 20 a 29 anos que deixou de se vacinar, foram contabilizados 10,25 milhões de brasileiros desprotegidos contra o sarampo.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, desde o lançamento da campanha “RJ contra o Sarampo”, em janeiro, apenas cerca de 10% do público-alvo foi imunizado. O secretário de Saúde Edmar Santos reforçou que a população do estado deve se vacinar contra o sarampo, que registrou 20 casos em 2018; 333 em 2019; e outros 189 em 2020. “A previsão é de que o Rio ultrapasse 10 mil casos de sarampo. E esse número só pode ser evitado por meio da vacinação”, alertou.

O Brasil confirmou 337 pacientes com a doença em 2020. No acumulado do ano passado, foram registrados 18.203 casos positivos para o vírus e 15 óbitos, sendo 14 no estado de São Paulo e um em Pernambuco. A maioria dos contágios aconteceu em São Paulo, no Paraná, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, em Santa Catarina, em Minas Gerais e no Pará.

Mobilização nacional

Apesar do baixo índice de vacinação, o brasileiro tem hoje uma chance de se proteger contra a doença: é o Dia D da nova Campanha de Vacinação contra o Sarampo. Mais de 42 mil postos de saúde estarão abertos para imunizar crianças e jovens de cinco a 19 anos, público-alvo desta primeira etapa das ações, coordenadas pelo Ministério da Saúde. Até o dia 13 de março, a meta é vacinar 3 milhões de pessoas nesta faixa etária.

O secretário executivo da pasta, João Gabbardo, chamou a atenção para o fato de que, mesmo com o alerta do novo coronavírus, o Brasil tem desafios epidemiológicos que não podem ser negligenciados. “A morte desta criança é tragicamente o maior alerta para que os pais levem seus filhos aos postos de vacinação, abertos neste sábado em todo o país”.

Com base nos últimos estudos, o ministério compara que, enquanto o novo coronavírus tem capacidade média de transmissão para até duas pessoas, no caso do sarampo, um único infectado é capaz de repassar a doença para outras 18 pessoas.

Coronavírus

Na contramão das recentes divulgações dos órgãos chineses, o Brasil fechou a semana com o menor número de casos suspeitos de coronavírus desde que o Ministério da Saúde passou a divulgar relatórios diários. A presença do Covid-19, nome científico do novo vírus, é investigada em quatro pacientes.

Dois casos são provenientes do Rio Grande do Sul, um de São Paulo e outro do Paraná. Ao todo, 43 casos foram descartados em todo o Brasil e não há confirmação da presença da doença. Apesar da queda, a chegada do inverno pode fazer com que os números voltem a subir e, por isso, as atenções do governo para combater o vírus continuam.

“Temos uma emergência de saúde pública internacional e estamos mobilizados. No entanto, não se trata de uma pandemia. Os casos de novo coronavírus estão concentrados no território chinês”, repetiu o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.

Depois da província de Hubei, na China, mudar a metodologia de diagnóstico, usando os critérios clínicos radiológicos e epidemiológicos para considerar os casos como possíveis positivos, o número de confirmações disparou. Até a última atualização de ontem, a presença do coronavírus foi detectada em 63.851 pessoas em toda a China continental, sendo registradas mais de 1,3 mil mortes.


"A morte desta criança é tragicamente o maior alerta para que os
pais levem seus filhos aos postos de vacinação, abertos neste sábado 
em todo o país”

João Gabbardo, 
secretário executivo do Ministério da Saúde
 
 

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