Correio Braziliense
postado em 17/02/2020 18:06
Uma portaria da Secretaria de Administração Penitenciária do Pará determina que advogados devem passar por revista Ãntima para atenderem seus clientes dentro de presÃdios e ao menos três advogadas já afirmaram ter passado pelo 'procedimento vexatório'. A Ordem dos Advogados do Brasil condenou o que classificou de 'ofensas' contra a dignidade das mulheres e violação das prerrogativas da advocacia.
Em seu artigo 5.º determina. "O advogado será submetido a todos os procedimentos rotineiros de revista, os quais já são realizados, indistintamente, em todas as autoridades."
A norma interna destaca 'a necessidade de regulamentar os procedimentos de extração e movimentação dos presos, para realização de entrevista pessoal e reservada e/ou atendimento com advogados, compatibilizando os protocolos de segurança com as prerrogativas profissionais insculpidas na Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e OAB)'.
Ao menos três casos foram registrados na primeira semana de implementação da Portaria.
Revista no banheiro
A advogada Milene Serrat Brito dos Santos Marinho precisou 'baixar as calças e levantar a blusa' em um banheiro do Centro de Triagem da Marambaia, em Belém, para poder entrevistar o seu cliente. Ela foi inspecionada com um detector de metais e liberada.
Ainda, informou que a entrevista não ocorreu de forma reservada e que agentes penitenciários ficaram à porta. Milene acusa infração das prerrogativas da Advocacia.
Ela registrou um Boletim de Ocorrência na Divisão de Crimes Funcionais da Corregedoria da PolÃcia Civil.
O documento diz. "A relatora não concordou com o procedimento, entretanto, dada a necessidade de entrevistar seu cliente, que não possui parentes na cidade de Belém, tendo em vista que o mesmo reside em São Sebastião da Boa Vista, falou que iria se submeter à revista."
COM A PALAVRA, A OAB
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil repudiou o procedimento efetuado contra Milene e defendeu o direito dos advogados de 'entrevistar-se com o seu cliente, ainda que encarcerado'.
"Os princÃpios da segurança e da dignidade, ponderados, não admitem e não toleram atitudes autoritárias e vexatórias praticadas pelas autoridades carcerárias brasileiras."
Alberto Campos, presidente da OAB no Estado, enviou um pedido de federalização de desagravo para o Conselho Federal da Ordem em face do secretário extraordinário de Estado para assuntos penitenciários, Jarbas Vasconcelos.
Campos disse. "O objetivo é que o Conselho Federal assuma conjuntamente todas as medidas judiciais cabÃveis: desagravo, responsabilização civil, penal e administrativa."
COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÃRIA
A reportagem entrou em contato e aguarda posicionamento. O espaço está aberto para manifestação.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.