Brasil

Informação contra pânico

Ministério lança campanha de esclarecimento da população sobre como se precaver contra a Covid-19 e evitar a disseminação de fatos falsos, que somente promovem a insensatez

Correio Braziliense
postado em 29/02/2020 04:04
Ministério lança campanha de esclarecimento da população sobre como se precaver contra a Covid-19 e evitar a disseminação de fatos falsos, que somente promovem a insensatez

O Ministério da Saúde deu início ontem à Campanha de Prevenção ao Coronavírus com o objetivo de evitar a disseminação do pânico, causada pela desinformação, e de medidas insensatas — como o de estocar em casa máscaras e álcool em gel, cujas compras dispararam depois da confirmação do primeiro caso no Brasil. Para esclarecer sobre a forma de transmissão do agente infeccioso, vídeos estão sendo veiculados desde ontem na internet, no rádio e na televisão em todo o país.

O Brasil tem 182 casos sob investigação — até ontem eram 132 — e 71 foram descartados. O Ministério anunciou que não atualizará o número de casos no Brasil, excepcionalmente, neste final de semana, devido ao aumento do número de notificações. O balanço só será oficialmente atualizado na próxima segunda-feira. Na nova campanha de esclarecimento, a pasta investiu R$10 milhões.

Com o crescimento no número de suspeitas, outra medida anunciada pela pasta foi a ampliação da capacidade laboratorial para realização dos testes específicos de coronavírus. “A nossa ideia é ampliar para que todos os laboratórios centrais possam realizar. Estamos adquirindo testes da Friocruz e eles serão validados perante esses laboratórios centrais dos estados”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. Até o momento, somente a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Adolfo Lutz, o Instituto Evandro Chagas e o Laboratório Central de Goiás — que fez parte da operação de repatriação dos brasileiros de Wuhan — faziam o teste específico do novo vírus.

A partir de semana que vem, os laboratórios centrais do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo, de Sergipe, de Minas Gerais, de Manaus e do Amazonas vão receber o kit para validação e capacitação para que possam realizar esse teste. “Estamos ampliando a capacidade dos laboratórios centrais, que já faziam uma análise para vírus respiratórios comuns. Eles usarão uma máquina que já possuem, mas receberão insumos para realizar os exames específicos para o novo vírus neste equipamento — além de receberem capacitação”, explicou Wanderson.

Vacinação


O Ministério adiantou ainda que, para a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe, antecipada para o próximo dia 23, o Instituto Butantan produziu 75 milhões de doses da vacina trivalente, que previne contra três tipos de vírus de influenza. As doses serão divididas em fases: na primeira, 18 milhões serão distribuídas às gestantes, crianças até seis anos e mulheres até 45 dias após o parto; na segunda, os idosos serão atendidos com cerca de 25 milhões de doses; e, na terceira, outros grupos, como forças de segurança, poderão se imunizar.

Além disso, o Ministério adquiriu 2,5 milhões de doses de vacina monovalente contra a H1N1 para situações de emergência. O infectologista do Hospital Universitário de Brasília, André Bon, explica que a imunização contra influenza é necessária por se tratar de um dos vírus com maior letalidade. “A vacina contra a gripe não previne o coronavírus, mas influencia indiretamente nas manobras de contenção. Adiantar a campanha de vacinação é uma estratégia para diminuir a procura. O objetivo é não provocar um inchaço da rede pública e delimitar mais facilmente os casos”, esclareceu.

Pandemia


A Organização Mundial da Saúde elevou ontem o risco da epidemia para “muito alto”, o maior da escala. Mesmo assim, a OMS não considerou a situação com o novo vírus como uma pandemia. De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, 46 países tiveram confirmações.

De acordo com infectologistas, uma pandemia só pode ser declarada quando há o aparecimento de surtos simultâneos em diversas regiões do mundo. Para Wanderson de Oliveira, o novo vírus deveria ser tratado pela definição de pandemia, que, segundo ele, ajudaria no controle da doença.

“O ministro (da Saúde, Luiz Henrique Mandetta) tem reiterado a necessidade de uma revisão do critério de epidemia e pandemia. Vai nos permitir focar principalmente nos grupos etários mais vulneráveis, que são adultos acima de 60 anos”, explicou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags