Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 19:56
Quatro pessoas que já tinham sido consideradas curadas da infecção pelo novo coronavÃrus voltaram a testar positivo para a doença semanas após receberem alta hospitalar e serem liberadas da quarentena. A descoberta, publicada em artigo na "Journal of the Medical American Association" (Jama) na última quinta-feira, 27, levanta algumas hipóteses preocupantes sobre a doença. Elas envolvem a sua disseminação e tratamento.
O governo japonês reportou na semana passada que uma mulher em Osaka teria testado positivo pela segunda vez, semanas depois de ter se recuperado da infecção e ter recebido alta do hospital onde esteve internada.
Na China, epicentro da epidemia, quatro profissionais da área médica expostos ao vÃrus, que já tinham sido considerados curados, foram submetidos a um teste que detecta material genético viral. E voltaram a apresentar resultados positivos cinco a treze dias depois de não apresentarem mais sintomas.
Especialistas do Hospital Zhongnan, da Universidade de Wuhan, na China, responsáveis pelo estudo tentaram explicar os resultados de diferentes formas. Wuhan é a região chinesa que concentra a maior parte dos casos da epidemia.
Uma das hipóteses considerou que o teste genético, o de PCR, é altamente sensÃvel. Pode acusar a presença de material viral em apenas uma molécula. Ou seja, o teste poderia estar captando fragmentos remanescentes de vÃrus.
Outra possibilidade é que o teste cujo resultado deu negativo pode não ter sido feito de forma apropriada. As amostras podem, por exemplo, ter sido armazenadas em temperaturas sob as quais os vÃrus se deterioram. Ou a amostra para exame pode não ter sido colhida corretamente. Há, porém, uma hipótese mais preocupante. O novo coronavÃrus, raciocinam, provocaria uma infecção bifásica. O vÃrus persistiria no organismo. Após algum tempo, ressurgiria com sintomas diferentes.
No caso do Ebola, por exemplo, foi constatado que o vÃrus persiste por meses no organismo, com ressurgência nos olhos. Nesta fase, o vÃrus da febre hemorrágica é capaz de infectar outras pessoas, disseminando a epidemia.
A maior preocupação agora é determinar se, no perÃodo em que o paciente testa negativo para o vÃrus, ele seria capaz de transmitir a doença. Se confirmada, essa hipótese afetaria a disseminação da epidemia. Por enquanto, é impossÃvel saber com certeza o que aconteceu. Até por que o vÃrus Covid-19 ainda é muito pouco conhecido.
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