Brasil

Plano pode incluir exame

Ao CB.Poder, presidente da Confederação Nacional da Saúde, Breno Monteiro, adianta que ANS avalia a possibilidade de teste para a detecção do agente infeccioso ser disponibilizado aos beneficiários

Correio Braziliense
postado em 04/03/2020 04:05
Segundo Breno, Agência quer chegar a uma decisão o mais rápido possível, pois vírus é uma emergência mundial

A Agência Nacional de Saúde (ANS) avalia incluir, nos planos de saúde, exames para detecção do novo coronavírus. A informação foi dada pelo presidente da Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde), Breno Monteiro, em entrevista ao programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. No último balanço do governo federal, ontem, 488 pessoas são suspeitas de terem contraído o vírus, que teve dois casos confirmados no Brasil.

“Nesta semana ou na próxima, a Agência Nacional de Saúde Suplementar avaliará incluir no rol os testes para o coronavírus, que é uma emergência mundial, e a população que tem plano de saúde tem que ser atendida. Estão analisando para fazerem isso de forma excepcional, e o mais rápido possível. Não houve essa discussão antes porque é uma doença que não existia aqui”, observou Breno.

Questionado sobre se é necessário haver treinamento especial de equipes médicas e de hospitais, ele defendeu que a atualização das técnicas não vale somente para o novo coronavírus, mas para qualquer doença que possa surgir. “Qualquer doença nova tem características diferentes, e você precisa preparar sua equipe para identificá-las o mais rápido possível. Todos os dias saem estudos, quais são os sintomas, em quantos dias se manifestam. É preciso treinar toda a rede com essas informações”.

O presidente da CNSaúde ressaltou que é preciso haver cuidado no tratamento da informação para não levar o caos à população. “Até o momento, não existe a circulação do vírus no país. Os casos que estão sendo notificados são de pessoas que vieram do estrangeiro. A população pode ficar tranquila. O Brasil está bem estruturado, os protocolos vêm sendo bem introduzidos, e os profissionais da área são treinados constantemente. Acredito que temos tudo para superar a doença”.

Importação


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou, ontem, a importação de imunoglobulina comprada pelo Ministério da Saúde para ser distribuída à rede pública. O estoque do produto estava “baixíssimo”, segundo fontes do governo, e a expectativa de secretários estaduais era de que o medicamento terminasse em cerca de 30 dias. A droga é usada para imunizar pacientes de diversas doenças e, na leitura do Ministério da Saúde, poderá servir para casos mais graves do novo coronavírus.

Cerca de 45 mil frascos do produto estão guardados em aeroporto no Brasil à espera de aval da Anvisa para serem distribuídos. Trata-se de parte de um contrato de R$ 209 milhões, fechado pelo governo em dezembro de 2019 com empresa da China para entrega de 300 mil frascos. O resto do produto deve ser embarcado em breve

O governo também fechou, em dezembro, contrato de R$ 70 milhões para entrega de 100 mil frascos de empresa da Coreia do Sul. A liberação desta carga ainda terá de passar pela Anvisa. Segundo pessoas da indústria e do governo, o consumo médio mensal no SUS de imunoglobulina é de 40 mil frascos.

O aval para a importação foi dado em reunião sigilosa da diretoria colegiada da Anvisa. Representantes da empresa chinesa e do Ministério da Saúde foram impedidos de acompanhar. O caso teve de ser levado à discussão dos diretores por ser excepcional: o produto não tem registro sanitário no Brasil, ou seja, não passou pelo crivo da Anvisa. A compra do remédio sem registro feita pelo Ministério da Saúde levanta desconfiança da Agência e da indústria nacional.

* Estagiário sob supervisão de Fabio Grecchi*


  • Banco destina verba contra epidemia

    O Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) aprovou ontem, em Buenos Aires, a abertura de uma linha de crédito emergencial de US$ 300 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhão, segundo o fechamento do dólar ontem) para conter crises causadas pelo novo coronavírus em países-membros. Anteriormente, o crédito era destinado a auxiliar no combate tragédias causadas por eventos climáticos e por acidentes contaminantes, mas, agora, também poderá ser utilizado para minimizar efeitos do coronavírus. Segundo o presidente executivo da CAF, Luiz Carranza, o objetivo da nova linha de crédito é permitir aos países beneficiados agilidade na aprovação de medidas emergenciais. Tambémfoi aprovada a possibilidade de conceder cooperação técnica não reembolsável de até US$ 5 milhões — o equivalente a R$ 22 milhões — para iniciativas relacionadas ao surto viral. O CAF tem sede em Caracas e é formado por 17 países da América Latina e Caribe.

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