Correio Braziliense
postado em 05/03/2020 04:15
O temporal que atingiu a Baixada Santista nesta semana deixou pelo menos 23 mortos e 26 pessoas seguem desaparecidas — o número de desabrigados passa de 160 pessoas. Neste verão, as fortes chuvas na Região Sudeste já deixaram 143 mortos nos quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. O número é mais de 70% maior do que o registrado na estação chuvosa anterior, quando houve 82 vítimas.
Após eventos extremos –– como chuvas de mais de 100 milímetros em um só dia em Belo Horizonte (janeiro) e na capital paulista (fevereiro) ––, o total de desabrigados e desalojados no período passa de 87 mil, segundo dados da Defesa Civil. A combinação de efeitos de longo prazo das mudanças climáticas, temperaturas mais baixas nos oceanos e falhas urbanísticas nas cidades leva aos desastres, dizem especialistas.
“Há algum tempo, chuvas de 120 milímetros no mesmo dia eram a cada 50 ou 100 anos. Agora, vemos isso se repetir em poucas semanas”, diz Ivan Carlos Maglio, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).
O Núcleo de Gerenciamento de Emergência da Defesa Civil do Estado de São Paulo indicou que a chuva acumulada nos temporais mais recentes no Guarujá foi de 282 milímetros; em Santos, no mesmo período, chegou a 218 mm. A média histórica prevista para a Baixada Santista durante todo o mês de março é de 257,3 milímetros.
Na região, o Guarujá era o local com mais mortos e desaparecidos. Um dos locais mais atingidos foi o Morro do Macaco Molhado, onde cinco morreram –– incluindo dois bombeiros que tentavam encontrar uma mãe e um bebê após um desabamento, quando a terra deslizou outra vez.
Em Santos, deslizamentos atingiram os Morros Santa Maria, São Bento, Vila Progresso e Monte Serrat –– muitos moradores abandonaram as casas. A prefeitura distribuiu lonas plásticas a moradores e suspendeu parte das aulas, por dificuldades de acesso. Um colégio acolheu desabrigados.
Houve ao menos quatro quedas de barreira na Rodovia Doutor Manuel Hipólito Rego, em dois pontos da Rio-Santos e mais dois, da Guarujá-Bertioga. O VLT da Baixada também amanheceu paralisado, após deslizamento de terra perto do túnel que liga Santos a São Vicente.
No Estado de São Paulo, foram 42 mortes por chuva este verão, número que pode subir diante do total de desaparecidos. No ano anterior, haviam sido 41. Minas é o estado com mais mortos (72), quatro vezes mais do que no verão anterior. Em Belo Horizonte, temporais em janeiro deixaram 13 mortos e os estragos nas ruas custarão ao menos R$ 300 milhões.
O governo federal anunciou há um mês R$ 892 milhões para Minas, Rio e Espírito Santo por causa das chuvas. O Ministério do Desenvolvimento Regional disse que avalia a necessidade de liberar verba para a Baixada Santista.
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