Correio Braziliense
postado em 06/03/2020 04:05
O Ministério da Saúde afirmou ontem que já existe a transmissão do novo coronavírus no Brasil. Isso significa que alguns pacientes tiveram o contágio dentro do país. Até então, os casos eram apenas de pessoas infectadas no exterior. No entanto, o Brasil aguarda a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS), responsável por inserir países na lista de nações com transmissão local.
A infecção dentro do país pôde ser confirmada por causa de dois dos novos casos em São Paulo, ontem. Ambos são de pessoas que pegaram o vírus a partir do primeiro paciente diagnosticado no país, um homem de 61 anos que mora na capital paulista e que voltou, em fevereiro, de viagem à Itália.
“Esses dois casos tiveram relação com o caso índice, o primeiro confirmado. Significa que nós temos, neste contexto, transmissão local. Amanhã, a Organização Mundial da Saúde muito provavelmente deve inserir o Brasil na lista de países com transmissão local”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.
De acordo com o último boletim divulgado ontem pela OMS, nas Américas somente Canadá, Estados Unidos e Equador estão na lista de países com transmissão local. No último boletim, o Brasil ainda é classificado como um daqueles que só tem episódios importados, mas o país deve mudar de patamar em nova atualização feita pela Organização.
Wanderson reforçou que, apesar de transmissão local, o vírus ainda não tem transmissão comunitária, também conhecida como sustentada, no país. “Isso ocorre quando eu não consigo mais identificar onde se originou a transmissão do vírus de determinado caso confirmado. O agente não está produzindo doentes que nós não conseguimos identificar qual é a fonte. Todos os casos confirmados no Brasil têm histórico de viagem para fora ou histórico de contato próximo com um caso confirmado”, afirmou.
De acordo com o secretário, apenas China, Itália e Coreia do Sul têm transmissão comunitária. Apesar de uma possível confirmação de transmissão local no Brasil, Wanderson declarou que não há motivo para pânico e disse que o Ministério da Saúde se prepara para todos os cenários possíveis.
“Realizamos uma reunião com especialistas de diferentes setores para nos ajudar a esclarecer que medidas que nós podermos adotar, de modo a tornar as ações mais precisas e resolutivas. Vai ajudar a nos preparar para cenários diferentes. Vamos finalizar essa reunião hoje e amanhã (nesta sexta-feira) consolidamos as contribuições. Na terça-feira, publicamos no boletim epidemiológico o resultado desse encontro”, disse Wanderson.
Além disso, as autoridades brasileiras acompanham o cenário internacional e observam quais os protocolos adotados em outros países. “Para evitar que a gente cometa erros que outros países cometeram, estamos em contato com eles. Vamos ter uma reunião amanhã (hoje) com médicos da Itália para entender como eles estão vivendo lá”, reforçou.
Aquisição de máscaras
Ainda como medida de prevenção, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 21 tipos diferentes de equipamentos de proteção individual (EPIs) para que não falte nada no estoque dos estados. Ainda ontem, foi publicada, em edição extra, no Diário Oficial da União (DOU) a assinatura de contratos da aquisição de máscaras, no valor de R$ 72,9 milhões.
“São 500 mil máscaras do modelo N95, das 4 milhões que serão adquiridas, e quase 19 milhões de máscaras cirúrgicas, de um total de 20 milhões. Com a assinatura dos contratos esses itens devem ser entregues em até 15 dias aos estados”, informou o secretário-executivo, João Gabbardo.
Ele acrescentou que os contratos devem ser assinados ainda hoje. As empresas terão até 15 dias para entregar o produto, mas o governo tenta antecipar as entregas.
O Ministério teve uma reunião com a indústria, na última semana, para acertar o fornecimento desses produtos. Gabbardo chegou a ameaçar ir à Justiça para realizar busca e apreensão de estoques, caso empresas optassem por exportar as máscaras em vez de fornecer ao governo.
A pasta também já licitou produtos como álcool em gel. Segundo o governo, os estados devem receber esses itens nos próximos dias.
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