Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 04:06
A pandemia do coronavírus foi o centro dos atenções em Brasília durante todo o dia. Autoridades do Congresso e integrantes do governo discutiram maneiras de liberar recursos para o combate à Covid-19 pelo país. Ao final da noite, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou o decreto emitido pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), suspendendo as aulas em escolas públicas e privadas do DF por cinco dias a partir de hoje.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o governo enviará uma Medida Provisória (MP), editada com os parlamentares, para que o Congresso libere verbas para ajudar no combate ao coronavírus. O anúncio foi feito na noite de ontem, após reunião com os ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Economia, Paulo Guedes. Também participaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes partidários. Alcolumbre, que também preside o Congresso, explicou que, por MP, é possível liberar recursos imediatamente no dia em que ela for editada, e sem esbarrar no teto de gastos. “É uma questão emergencial e está amparada pela legislação brasileira”, garantiu o senador. Ele não especificou o valor que será liberado. Mas lembrou que Mandetta pediu, mais cedo, R$ 5 bilhões aos parlamentares.
O dinheiro será destinado ao Ministério da Saúde, que distribuirá aos estados e municípios. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que as soluções serão discutidas ainda nesta semana com o governo. Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também esteve na reunião, deram um panorama do impacto econômico gerado pela pandemia de Covid-19.
O acordo entre parlamentares e o Ministério da Saúde vai ampliar os investimentos para o combate da Covid-19 em R$ 5,1 bilhões. O recurso tem como finalidade reforçar as ações emergenciais programadas pelo Ministério da Saúde possam ser supridas. Entre as medidas, está o lançamento do Saúde na Hora 2.0. para reforçar a capacidade assistencial da Atenção Primária. Mesmo em postos em que atuem duas equipes, será permitido estender o horário de atendimento. Com a mudança, a pasta espera alcançar 40 milhões de brasileiros.
A expectativa é de que mais 5,2 mil postos adotem a ampliação, passando para 6,7 mil unidades em funcionamento com maior expediente. Para isso, o governo pretende contratar mais 5 mil profissionais da saúde pelo Programa Mais Médicos. “Com esse montante, me parece que a gente consegue atravessar essa”, disse o ministro, durante audiência na comissão-geral da Câmara dos Deputados para debater o tema.
Decreto no DF
Uma das decisões de maior repercussão ontem à noite foi o decreto emitido pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que determinou a suspensão das aulas nas escolas públicas e particulares por cinco dias. Também estão proibidos na capital federal shows, eventos e aglomerações (Leia mais a respeito do decreto na página 19).
Luiz Henrique Mandetta criticou o decreto do governador. Segundo o ministro, a suspensão de aulas nas escolas públicas não foi recomendação do governo federal e pode ter efeito contrário, de disseminar a doença. Mandetta explicou que muitos dos estudantes mais novos, se não tiverem aulas, podem ficar mais expostos à Covid-19. Isso porque, segundo ele, as crianças podem ficar na casa dos avós, que é grupo de risco. “Daqui a uma semana você vai ter todos os idosos batendo na porta do hospital”, disse. “A nossa preocupação, como saúde, é, simplesmente, proteger ao máximo os idosos. Se o efeito disso vai ser o pai e a mãe continuar em trabalhando e deixarem a criança com os idosos, daqui a uma semana, dez dias você vai ter uma transmissão sustentada, já que muitas crianças são assintomáticas”, explicou.
Na visão de Mandetta, ainda não há razão para paralisações gerais. “Se eu tenho hoje metrôs abertos, ônibus superlotados às 6h da manhã em todos os estados do Brasil, teatros, restaurantes, estádios de futebol funcionando, não tem por que falar para as pessoas não saírem. Agora vale a regra da boa educação, como lavar as mãos e não sair de casa em caso de febre, tosse...”, orientou o ministro.
Na capital paulista, a Universidade de São Paulo confirmou o primeiro caso de coronavírus em um de seus estudantes. Um aluno de graduação da Geografia entrou em contato com a direção do departamento para informar que testou positivo para o vírus. Cerca de 105 mil pessoas frequentam diariamente a universidade. Apenas as aulas do Departamento de Geografia foram suspensas ontem, mas a faculdade se reuniu com a Reitoria e com a Superintendência de Saúde para avaliar se a suspensão de atividades deve ser ampliada.
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