Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 04:06
Doutor em filosofia pela Illinois Wesleyan University, Robert Quinn avalia que a situação da Alemanha é considerada boa para acadêmicos. Para além disso, o país se tornou um dos destinos de docentes que deixaram os mais diversos lugares por sofrerem ameaças. “Estamos muito satisfeitos que a Alemanha deu as boas-vindas a um grande número de estudiosos estrangeiros que não estavam seguros em seus países, oferecendo-lhes posições temporárias em universidades”, descreve Quinn. Ele calcula que, nos últimos anos, o país tenha recebido cerca de 500 acadêmicos nesse tipo de contexto. Também foi na Alemanha, em Berlim, onde se realocou Jean Wyllys após deixar o Brasil e abandonar o mandato como deputado federal pelo PSol por ameaças de morte em janeiro de 2019.Numa universidade da capital alemã, a brasileira Roberta** desenvolve uma pesquisa de pós-doutorado. Ela tem 30 anos e prefere não se identificar por estar preocupada com a própria segurança. Roberta** não planeja mais voltar à terra natal. “Às vezes, penso em tentar ser professora visitante no Brasil, mas não me sentiria segura com o atual governo”, desabafa. Ela apoia o trabalho da Scholars at Risk e colabora com relatórios para o Academic Freedom Monitoring Project. Roberta** não foi ameaçada diretamente pelo seu trabalho, mas, por sua orientação sexual, enfrentou “a LGBTfobia cotidiana que quase todos os membros da comunidade sofrem de uma forma ou de outra”.
A pesquisadora se graduou pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e fez mestrado e doutorado na Universidade Livre de Berlim. Apesar de se sentir segura na capital alemã, preocupa-se com movimentos radicais que surgem no país comandado por Angela Merkel. “Como alguém antifascista, acompanho com muita atenção a movimentação da extrema-direita aqui, principalmente desde o crescimento do AfD”, diz, referindo-se ao partido Alternative für Deutschland (Alternativa para a Alemanha).
** Nome fictício
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.