Brasil

País terá 10 milhões de testes da Covid-19

Ministério da Saúde anuncia distribuição dos exames de diagnósticos rápidos de infectados pela pandemia que já matou 18 brasileiros. Governo enviará 5 milhões de kits para todos os estados até o próximo domingo. Por enquanto, foram oferecidos 27 mil

Correio Braziliense
postado em 22/03/2020 04:13
Todo brasileiro que tiver sintoma pode ser considerado caso suspeito, alerta o secretário-executivo João Gabbardo Reis



O Ministério da Saúde anunciou, ontem, que pretende distribuir 10 milhões de testes laboratoriais rápidos para diagnóstico da Covid-19, doença que resultou em uma pandemia que já matou 18 brasileiros, até o momento, além de 1.128 outros casos confirmados. O governo deve enviar 5 milhões de kits para todos os estados até o próximo domingo, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, em coletiva à imprensa.

Até agora, foram oferecidos 27 mil — 17 mil na semana passada e 10 mil neste fim de semana. Com o reforço, pessoas com indícios leves de que tenham sido infectadas pelo novo coronavírus também poderão ser testadas, não apenas as que apresentam sintomas graves, como tem sido até agora. “Vai aumentar muito a velocidade de diagnóstico em todo o Brasil”, prevê Wanderson, sem especificar a data de entrega dos outros 5 milhões. Disse apenas que acontecerá “nas próximas semanas”.

O número de kits, no entanto, ainda não será suficiente para seguir por completo a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), de que o exame seja feito em massa. Quem não apresentar nenhum sintoma de Covid-19 não será testado. “Não há insumos suficientes no Brasil para realização de testes de forma indiscriminada”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde.

Além de aumentar o alcance dos exames, o governo quer, “em breve”, implementar uma estratégia similar à usada pela Coreia do Sul, que instalou “drive thrus” para testagem. Assim, as pessoas vão poder fazer o exame sem sair do carro, para evitar o contágio nos postos de saúde. “Esses processos estão em curso, para ficarem disponibilizados nas próximas semanas”, anunciou Wanderson.

Os novos testes, que serão adquiridos a partir de agora, serão sorológicos, como os que são usados para medir a glicemia. Depois da coleta de uma pequena amostra do sangue do paciente, o resultado deve sair em minutos. Eles serão destinados prioritariamente a unidades básicas de saúde.

Parcerias
Wanderson disse ter conversado com representantes de laboratórios públicos e privados, que chegaram à mesma conclusão: de que a indústria mundial “está sendo pressionada” pela demanda e ainda não tem condições de produzir na escala necessária. “Os grandes produtores de insumo estão aumentando a sua capacidade, mas ainda não em quantidade suficiente para abastecer todos os mercados”, afirmou.

O governo busca doações e parcerias com empresas para conseguir fazer frente ao gasto com os novos testes — que, se chegarem aos 10 milhões pretendidos, vão custar R$ 750 milhões. Cada um custa R$ 75. O ministério tem conversado, por exemplo, com a mineradora Vale. “Caso isso não seja possível, vamos fazer a aquisição com recursos do ministério”, afirmou.

Confirmações
O Ministério da Saúde informou, ontem, que há 1.128 casos confirmados de coronavírus no Brasil. Até o momento, 18 brasileiros morreram em decorrência da Covid-19, pelos dados mais recentes. Deles, 15 em São Paulo e três no Rio de Janeiro. Mais da metade dos casos (51,2%) está concentrada nesses dois estados. Em SP, eram 459 até ontem. No RJ, 119.

O Distrito Federal registra, pelas contas da pasta, 100 casos. Ontem, a Secretaria de Saúde de Roraima confirmou os dois primeiros infectados no estado, de um casal que esteve recentemente em São Paulo. “A maioria absoluta dos casos está em cidades com mais de 500 mil habitantes. Em cidades menores, são sempre casos relacionados a viagens. Temos uma epidemia muito concentrada em grandes centros”, disse Wanderson.

O número de casos suspeitos deixou de ser divulgado pelo Ministério da Saúde porque, como já há transmissão comunitária, “todo brasileiro que tiver sintoma pode ser considerado um caso suspeito”, explicou o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo Reis. Por enquanto, a taxa de letalidade no país é de 1,6%, menor do que a global, de 3,4%. Mas, como ainda há poucos casos registrados, ainda é cedo para comparar os números, afirmou o secretário.

Gabbardo também garantiu que o governo vai “fazer um esforço brutal” para aumentar o número de leitos de UTI e que as informações relativas a eles passarão a ser divulgadas. As Forças Armadas, segundo ele, apoiarão a instalação de hospitais de campanha. “Esse é um compromisso das Forças Armadas e do presidente Jair Bolsonaro”, disse.


Contagem

Novos números mostram 18 mortes e 1.128 casos no Brasil

Região    Casos    Mortes
Norte    26     -
Nordeste    168     -
Sudeste    642     18
Centro-Oeste    138    -
Sul    154    -

Fonte: Ministério da Saúde


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags