O novo coronavírus chegou a todos os estados, com a confirmação de dois casos em Roraima, único que ainda não tinha nenhum registro da doença. Em 24 horas, sete pessoas morreram no país em decorrência da Covid-19 e 418 foram diagnosticadas, de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde, divulgado ontem. Com as novas ocorrências, o Brasil registra 25 mortes e 1.546 casos confirmados.
No topo do ranking está São Paulo, com 631 casos, sendo 22 fatais; seguido pelo Rio de Janeiro, com 186 casos e três mortes. O Distrito Federal fica logo atrás, com 117 casos. A quantidade de ocorrências aumentou 37% em relação ao balanço anterior, divulgado sábado. O número de mortes subiu de 18 para 25, sete a mais em um dia, todas em São Paulo. Amapá e Paraíba são os estados menos afetados, com um caso identificado em cada.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirmou que o governo vai distribuir 5 milhões de testes rápidos para detecção da doença a partir de domingo. O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, reforçou que os profissionais de saúde terão prioridade no uso dos novos testes. Como o resultado sai em minutos, será mais fácil afastá-los dos pacientes, caso estejam infectados.
“É um teste para vigilância epidemiológica, focado em profissionais de saúde, profissionais da linha de frente, para que a gente não perca essa força de trabalho”, explicou Wanderson. Segundo ele, a ideia é que o país esteja preparado para fazer entre 30 mil e 50 mil exames por dia, quando a pandemia chegar no auge no Brasil. Os kits são produzidos por uma empresa chinesa, mas, como ainda não foram validados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso ainda é limitado.
Mandetta afirmou que os testes serão doados pela Vale. A negociação com a empresa estava em andamento no último sábado. “Ainda temos que ver a logística. Não é caro, o kit. Caro é como tirar ele de lá (China) e colocar aqui”, disse o ministro. O governo estuda, por exemplo, pedir ajuda para as companhias aéreas para usar aviões que hoje estão parados, pela falta de demanda. “Isso ainda será decidido”, disse.
Cloroquina
O ministro afirmou que o Brasil tem condições de produzir e exportar cloroquina — substância usada para tratamento de malária, lúpus e reumatoide, que tem mostrado resultados positivos em testes experimentais para tratamento de Covid-19. A Fiocruz e o Laboratório do Exército têm capacidade de produzir o medicamento, segundo Mandetta.
Alguns pacientes têm sido tratados experimentalmente com cloroquina, mas ainda não dá para avaliar se a melhora tem influência da medicação. “Monitoramos isso desde a primeira produção que tivemos, lá atrás, ainda no mês de fevereiro. Como são poucos pacientes tratados, não sabemos se o medicamento foi decisivo ou não para o caso. Precisa ser feito em maior escala”, disse Mandetta.
O protocolo de uso da cloroquina ainda não foi definido. “O que estamos aguardando um pouco para colocar é para saber qual vai ser o protocolo. Dosagem, de quantas em quantas horas, quem vai usar e se vai apenas ser para pacientes internados”, explicou o ministro. Ele também desestimulou o uso desenfreado do medicamento e alertou que os efeitos colaterais “podem ser muito mais graves do que uma gripe que quase metade da população não vai pegar”.
Segundo Mandetta, metade da população pode ser contaminada, mas 50% dessas pessoas não vão apresentar sintomas. Dos que tiverem sintomas, só 15% devem precisar ser internados. “Se isso acontecesse distribuído no ano, não teríamos problema nenhum. Como ninguém tem imunidade, vai acontecer de maneira bruta e levar muita gente ao SUS. É como ter uma geladeira em casa e todo o quarteirão precisar guardar algo nela”, comparou.
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