O número de doadores de sangue, no Brasil, sofreu uma queda drástica por conta da pandemia de coronavírus. É o que informa a administração dos hemocentros brasileiros. Em meio à quarentena, foi preciso mudar a forma de atendimento para não zerar os estoques dos bancos de sangue e tentar garantir à população um ambiente seguro e sem contágio do coronavírus (Covid-19). O agendamento foi a saída escolhida, tanto em Brasília, quanto nos demais estados, como forma de evitar aglomerações.
Na cidade do Rio de Janeiro, as doações de sangue caíram mais de 50% na semana passada por causa do coronavírus. A estimativa de queda para o estado é ainda maior e pode chegar a 70%. No Brasil, houve uma redução de 30% a 40% nos estoques.
O estoque dos bancos de sangue no Hemocentro do Hospital São Paulo e no IBCC Oncologia atingiram níveis críticos. O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi), de Teresina, está realizando uma campanha para pedir às pessoas que agendem um horário para doação de sangue durante a pandemia e evitar que o estoque de bolsas de sangue caia durante o período de calamidade pública no estado.
Em Minas Gerais, a Fundação Hemominas registrou queda de 40% de voluntários nos hemocentros. O estoque de sangue O positivo é crítico e outros cinco tipos estão em estado de alerta: O negativo, A positivo e negativo, B negativo e AB negativo.
A Fundação Hemocentro de Brasília diz que “após a suspensão de atividades escolares e restrição no fluxo de pessoas, o movimento caiu cerca de 30% (comparando o período de 12 a 16 de março de 2020 com o mesmo intervalo do ano anterior)”. No Distrito Federal, opera-se com estoque estratégico, que pode abastecer toda a rede pública e hospitais conveniados, de dois a sete dias, dependendo do hemocomponente (hemácia, plasma ou plaqueta), se não houver qualquer doação de sangue no período.
Atualmente, os tipos sanguíneos AB negativo e B negativo estão em menor quantidade, abaixo de 50%.
Na Paraíba, o hemocentro passou a oferecer o serviço de agendamento de doação de sangue por WhatsApp. Em Brasília, também é possível marcar horário, por meio do telefone 160 opção 2.
Orientações
Para doar sangue, é necessário ter entre 16 e 69 anos de idade, pesar mais de 51 kg, estar saudável e não pode estar em jejum. O candidato deve comparecer ao local bem alimentado, mas tendo evitado alimentos gordurosos, leite e derivados pelo menos 3 horas antes da coleta de sangue.
Além disso, é fundamental manter-se hidratado e não ingerir bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores ao procedimento.
O Hemocentro também explica que não há evidências de transmissão do coronavírus pelo sangue. Porém, quem apresentar sintomas respiratórios como tosse, coriza, dor de garganta ou febre deve aguardar 15 dias para fazer a doação.
Caso a pessoa tenha visitado países com casos confirmados de coronavírus, ou cidades/estados com transmissão comunitária do vírus, deve aguardar 30 dias após o retorno ao Brasil para doar sangue. Quem teve contato com paciente infectado ou pessoa com suspeita da doença também deve esperar 30 dias.
Perguntas e respostas sobre a Covid-19
» Fernando Jordão
Quem contrai o coronavírus uma vez fica imune? Segundo especialistas, não há nenhuma evidência, até o momento, de que uma pessoa infectada possa ser contaminada novamente. Quanto tempo demora para surgirem os sintomas? Varia muito. De um dia e meio a sete dias. Em tempos de fake news, o Correio selecionou perguntas enviadas por leitores, por meio das redes sociais, relacionadas à pandemia da Covid-19, para esclarecer as dúvidas com a ajuda de especialistas. Confira a seguir.
Quando ir e quando não ir ao hospital?
Se não tiver nenhuma complicação, de preferência, fique em casa. A Covid-19 não requer muito cuidado se não tiver outra doença associada ou em pessoas que não integram o grupo de risco. Você deve buscar ajuda médica se sentir algum quadro de falta de ar.
Quais os principais sintomas?
Os sintomas são muito semelhantes aos de outras doenças respiratórias, como gripe e resfriado: febre alta, em alguns casos, tosse e dor no corpo. O mais importante é ficar de olho no comportamento respiratório. Se tiver falta de ar, procure o médico.
Qual é o risco para crianças?
Assim como os adultos, as crianças tendem a ter um quadro que evolui melhor. O risco é elas transmitirem o vírus para pessoas do grupo de risco, como os idosos, uma vez que, em muitas casos, os pequenos podem ser até assintomáticos.
Máscara de pano é eficaz?
Não. A malha do pano tem um distanciamento muito grande, ou seja, não vai funcionar como barreira contra o vírus. A mesma coisa vale para a luva de pano, com o agravante de que ela pode servir até para levar o vírus de um lugar a outro.
Posso tomar alguma medicação?
Pode tomar a medicação trivial de doença respiratória aguda, para aliviar os sintomas. Se o quadro agravar, suspenda o uso e procure um médico. Hidroxicloroquina e cloroquina não devem ser usados como medicamento preventivo. Cientistas ainda estão discutindo a eficácia desses medicamentos no tratamento da Covid-19 e os estudos ainda são bem preliminares.
Devo lavar as mãos mesmo se passar o dia em casa?
Preferencialmente, sim. Isso precisa se tornar um hábito até para evitar a proliferação de outros vírus, como o da gripe.
Qual é o tempo de recuperação de quem foi diagnosticado?
Ainda não se sabe ao certo. Há pessoas que evoluem bem, outras, muito mal.
Lactantes transmitem o vírus para o bebê?
Não há, até o momento, evidências que comprovem isso.
Que cuidados devo tomar ao passear com o cachorro?
O cachorro não vai transmitir a doença para você, mas ele pode espalhar o vírus. Se tiver que sair com ele, lave as patas assim que voltar para casa e mantenha ele afastado de outras pessoas na rua.
Posso correr ou fazer exercícios ao ar livre?
De preferência, não. Hoje em dia, nas grandes cidades, dificilmente você vai conseguir andar sem ter contato com alguém. Inclusive, uma pessoa pode aparentar estar saudável e estar infectada. Tente fazer exercícios em casa. Academias de condomínios também não são recomendadas.
Fonte: Professor Wildo Navegantes de Araújo, membro do Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 da Universidade de Brasília (COES/UnB)
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