Brasil

Governo aposta na ampliação dos testes para combater o novo coronavírus

Ministério da Saúde ampliará para 22,9 milhões total de kits para verificar infecção pela Covid-19. Com nova oferta, que contará com 14,9 milhões de exames laboratoriais e oito milhões de testes rápidos, pasta quer traçar melhores estratégias de contenção do vírus

A estratégia de contenção do novo coronavírus mudou no Brasil e mostra os primeiros sinais. O Ministério da Saúde anunciou, ontem, a ampliação massiva de testes para detectar a doença: 763 vezes superior aos planejamentos iniciais, subindo de 30 mil para 22,9 milhões de ofertas. As mudanças vêm após uma série de pedidos da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que as autoridades expandam a capacidade de identificar a presença do vírus, mesmo em pacientes não hospitalizados. 

"A mensagem central é: testar, testar e testar. Você não consegue parar essa pandemia se não souber quem está infectado. Esta é uma doença séria”, afirmou, em coletiva de imprensa, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Até então, a orientação brasileira era submeter aos exames apenas pacientes graves, que estão internados, e pessoas que morreram apresentando os sintomas da Covid-19. Esse grupo continua como foco de verificação, mas o ministério ampliou os testes em profissionais de saúde e de segurança.

Para possibilitar a expansão, o Ministério da Saúde contará com 14,9 milhões de testes laboratoriais, o RT-PCR. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu aval para aplicação de 11 marcas de testes rápidos, método que verifica a resposta imunológica do paciente a partir da análise dos anticorpos. Serão mais oito milhões de análises deste tipo. “Estamos organizando a estratégia, decentralizando diagnóstico e ampliando a vigilância para conhecer e caracterizar a história natural da doença”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. 

Além da avaliação dos profissionais da saúde e da segurança, o governo também afirmou que fará a testagem em casos leves, por amostragem. O objetivo é melhorar a avaliação do cenário da doença e traçar melhores estratégias de contenção do vírus. “Possivelmente, o Brasil venha a ser um dos países com maior número de casos porque vamos testar muita gente. A nossa letalidade ficará, assim, mais próxima do real”, prevê Wanderson. Atualmente, o ministério estima que 86% dos infectados são assintomáticos, motivo pelo qual não entram para as estatísticas. 

Um novo protocolo está sendo definido para testar os casos mais leves nos postos de saúde ou unidades volantes, medida semelhante à adotada na Coreia do Sul.  “A ideia é utilizar a estratégia para cidades com mais de 500 mil habitantes e pode ser uma ferramenta, por exemplo, para conter surtos, isolando os pacientes infectados pela Covid-19”, informou o governo federal. Nos próximos três meses, a Saúde pretende, ainda, ampliar a Rede Sentinela de Vigilância de Síndrome Gripal, responsável por monitorar a doença no país. A meta é passar de 168 para 500 unidades, garantindo oferta em todos os estados. 

Ação conjunta

 

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) disponibilizará a capacidade instalada, infraestrutura e equipes técnicas da rede de laboratórios vinculados para ajudar na análise de testes. Serão disponibilizados 84 laboratórios das redes da Embrapa, dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDAs) e da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac), com 89 equipamentos do tipo RT-PCR em operação e capacidade de análise de mais de 76 mil amostras por dia. Essa é a técnica de referência para detecção da Covid-19. 

Enquanto isso, laboratórios em todo o Brasil trabalham para fabricar ou importar tecnologias para trazer novas formas de diagnóstico. A Dasa, empresa brasileira líder em medicina diagnóstica e grupo do Laboratório Exame, triplicou a produção de testes para o novo coronavírus. “São oportunidades que contribuem para a redução dos impactos da doença, mas que precisam passar pela fase de validação. Tudo deve ser incorporado com segurança e no melhor momento. Os testes rápidos servem como complementação, já que os resultados não têm a mesma precisão que os laboratoriais”, explicou o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana.