Brasil

Primeiras mortes fora do eixo Rio-São Paulo

Correio Braziliense
postado em 26/03/2020 04:04




Na nova atualização sobre os casos de coronavírus no Brasil, o Ministério da Saúde confirmou os primeiros óbitos pela Covid-19 fora de São Paulo e do Rio de Janeiro, até então os únicos estados com registro de mortes. Com vítimas no Amazonas, Pernambuco e Rio Grande do Sul, o número de óbitos subiu de 46 para 57 ontem. A maioria das vítimas ainda está concentrada no Sudeste, sendo 48 mortos em São Paulo e 6, no Rio. O balanço indicou que há 2.433 casos confirmados no país. Com isso, a taxa de letalidade do vírus no Brasil também cresceu e, atualmente, é de 2,4%.

O número não é uma preocupação para o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que acredita na queda da letalidade, a partir do momento em que mais pessoas forem testadas. “Quando fizermos os testes rápidos, esse número de casos confirmados, hoje em 2.433, vai aumentar muito; e o número de óbitos sempre vai ser absoluto. Então, a letalidade vai ficar menor do que 2,4%”, avaliou.

Até o momento, todas as vítimas da Covid-19 no Brasil estão dentro do grupo de risco. Os novos óbitos registrados seguem o mesmo padrão. Em Pernambuco, a primeira morte é de um idoso de 85 anos, morador de Recife, que tinha histórico de diabetes, hipertensão e cardiopatia isquêmica. O homem havia sido internado na última sexta (20). No Rio Grande do Sul, a primeira paciente a morrer devido à doença tem 91 anos. Já no Amazonas, a vítima não é idosa, mas possui histórico de comorbidades. De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, o homem de 49 anos, portador de hipertensão arterial sistêmica, foi internado no último sábado (21).

A maioria dos casos confirmados está localizada na região Sudeste, que soma 1.404 pacientes com diagnóstico positivo para a Covid-19. Em seguida, está o Nordeste, com 390 casos; o Sul, com 313; Centro-Oeste, com 221; e Norte, 105. Todos os estados do país apresentam registro da doença.

Isolamento vertical
Para frear o crescimento dos casos confirmados, o ministério informou que estuda diversas possibilidades, inclusive o isolamento vertical, sugerido pelo presidente Jair Bolsonaro. Atualmente, a pasta orienta à população que faça o isolamento horizontal. “A transição de modelos precisa ser estudada e vai de acordo com a dinâmica de cada local. A diferença é que, na horizontal, faz-se uma quarentena mais restritiva, de todos, e na vertical, trabalha-se com grupos etários mais específicos”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.

O secretário ressaltou que é preciso conhecer a dinâmica da doença para tomar esta decisão. “Estamos ampliando os testes e todas as estratégias para conhecê-la melhor”, completou. O secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, disse que o ministério não se preocupa com o diálogo entre os governadores e o presidente. “Não vamos pedir para que ninguém reveja suas situações. Queremos discutir com os estados permanentemente. Amanhã (hoje), vamos nos reunir com secretários estaduais para conversar”, disse.

Bolsonaro confirmou, ontem, que pediria ao ministro da Saúde uma mudança na orientação de isolamento da população. “Conversei por alto com Mandetta e vamos definir essa situação. Tem que ser, não tem outra alternativa”, apontou. A fala foi dita ao deixar o Palácio da Alvorada. “A orientação vai ser o [isolamento] vertical daqui para frente. Vou conversar com ele e tomar uma decisão. Não escreva que já decidi, não. Vou conversar com o Mandetta sobre essa orientação”. Questionado sobre como aconteceria na prática, o presidente disse que é preciso ‘pegar o idoso e isolá-lo, com hotéis ou em casa’. “Tem o isolamento horizontal, que estão fazendo aqui, e tem o vertical. É o vertical. Peguei um vídeo agora do Japão, todo mundo na normalidade. Você tem que pegar o idoso e isolá-lo, com hotéis ou em casa. Pô, cada filho cuida de seu pai, do seu avô, poxa. Não quer que eu contrate uma pessoa para cuidar de cada idoso, é impossível. Eu não sei a massa de idoso que tem no Brasil, são alguns milhões”, afirmou.

Colaborou Ingrid Soares




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