Correio Braziliense
postado em 26/03/2020 04:05
Um mês atrás, o Brasil sentiu tudo mudar. Arregalou os olhos diante de um inimigo invisível, que chegou manso e sorrateiro, junto aos viajantes regressos ao país. Em 20 dias, começou a matar. Ontem, o governo anunciou 57 óbitos. O novo coronavírus trouxe incertezas, divergência de opiniões e mais instabilidade política, econômica e social. No atual cenário, difícil não ser o assunto principal dentro das casas. Aliás, é o motivo pelo qual muitos estão, agora, confinados em casa. Enquanto os grandes centros urbanos padecem de gente, governantes e autoridades em saúde se movimentam às pressas, preparando os hospitais para enfrentar a força da pandemia que somente mostra os primeiros sinais. Hoje faz exatamente um mês que o primeiro caso de infecção pela Covid-19 foi confirmado pelo Ministério da Saúde. Sem previsão para acabar, ganhou espaço na rede sentinela.
Mesmo antes da primeira suspeita no Brasil, uma linha de frente já se formava para atuar no combate à doença. Observando o crescimento exponencial na China, país onde se originou o novo coronavírus, o Comitê de Operações de Emergência (COE) foi ativado em nível 1 de alerta, em 22 de janeiro. Nesse momento, já passava de 80 o número de chineses mortos pela doença.
Cinco dias mais tarde, com o primeiro caso suspeito em território brasileiro, o comitê alterou as definições para perigo eminente. Em 3 de fevereiro, o Brasil declarava Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional, dando início a uma série de movimentações legais para travar uma batalha.
Com a aprovação da Lei de Quarentena e a vinda dos repatriados de Wuhan, em fevereiro, o Brasil começou a montar as primeiras estratégias de enfrentamento, aproveitando a então calmaria para equipar laboratórios, capacitar equipes e convocar a imprensa para a divulgação diária de cada novo cenário. “Trinta mil testes para o novo coronavírus”, “mais mil leitos de UTI para tratar os casos graves”, “regulamentação das regras de isolamento e quarentena” estavam entre as manchetes.
Até que o anúncio da “primeira morte confirmada” acendeu o sinal vermelho. Projeções foram ampliadas em larga escala. Hoje, fala-se em 22,9 milhões de testes, mais de 2 mil novos leitos de UTI — além da liberação para habilitar todos aqueles requeridos pelos estados —, e há a instrução para repensar as medidas de isolamento social.
“A última vez que fizemos uma quarentena foi em 1917, exatamente 103 anos atrás. É normal e faz parte dessa situação errarmos ou calibrarmos projeções um pouco fora e questionáveis. Estamos começando o processo e iniciando a curva, temos que ter calma porque a quarentena é um remédio extremamente amargo, duro e tem hora em que vamos precisar usar”, disse o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta.
Curva esperada
No dia em que a Covid-19 matou o primeiro brasileiro, o Ministério da Saúde anunciou um aumento de 138% dos casos confirmados da doença, saltando de 98 para 234 infectados. Essa foi a maior variação até hoje. Desde segunda-feira (23), os aumentos não passaram de 22%, caindo para 11%, ontem. No entanto, a pasta estima que, com a implementação dos testes rápidos, esses percentuais voltarão a disparar. “O número de óbitos sempre será absoluto. Então, quando se aumentar os casos, a letalidade ficará menor que 2,4. Será mais um elemento para que a própria população possa gradativamente entender a dinâmica da virose na nossa sociedade”, explicou Mandetta.
Em complemento ao ministro, o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, afirmou que a evolução da doença no Brasil está dentro do esperado. “A partir do registro 100, projetávamos dobrar os números a cada 2 dias. Nossa curva de crescimento está entre a de países que tiveram a menor curva de casos”.
De acordo com a terceira nota técnica do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), o grupo que monitora a curva de crescimento da Covid-19 comparou as projeções anteriores à realidade. Entre 16 e 20 de março, o país manteve o crescimento bem próximo às projeções otimistas. No melhor cenário, a previsão era de 919 casos confirmados e, na prática, o montante ficou em 904.
Apesar da aparente boa notícia, os estudiosos alertaram: “Acreditamos que a subnotificação, um baixo volume de testagem e a demora nos resultados dos testes confirmatórios possam ter afetado os valores reportados pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estaduais, de forma a estarem abaixo do que eles são na realidade”. Ao fim do mês, o estudo prevê até 11,5 mil confirmações, no pior cenário.
Mesmo antes da primeira suspeita no Brasil, uma linha de frente já se formava para atuar no combate à doença. Observando o crescimento exponencial na China, país onde se originou o novo coronavírus, o Comitê de Operações de Emergência (COE) foi ativado em nível 1 de alerta, em 22 de janeiro. Nesse momento, já passava de 80 o número de chineses mortos pela doença.
Cinco dias mais tarde, com o primeiro caso suspeito em território brasileiro, o comitê alterou as definições para perigo eminente. Em 3 de fevereiro, o Brasil declarava Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional, dando início a uma série de movimentações legais para travar uma batalha.
Com a aprovação da Lei de Quarentena e a vinda dos repatriados de Wuhan, em fevereiro, o Brasil começou a montar as primeiras estratégias de enfrentamento, aproveitando a então calmaria para equipar laboratórios, capacitar equipes e convocar a imprensa para a divulgação diária de cada novo cenário. “Trinta mil testes para o novo coronavírus”, “mais mil leitos de UTI para tratar os casos graves”, “regulamentação das regras de isolamento e quarentena” estavam entre as manchetes.
Até que o anúncio da “primeira morte confirmada” acendeu o sinal vermelho. Projeções foram ampliadas em larga escala. Hoje, fala-se em 22,9 milhões de testes, mais de 2 mil novos leitos de UTI — além da liberação para habilitar todos aqueles requeridos pelos estados —, e há a instrução para repensar as medidas de isolamento social.
“A última vez que fizemos uma quarentena foi em 1917, exatamente 103 anos atrás. É normal e faz parte dessa situação errarmos ou calibrarmos projeções um pouco fora e questionáveis. Estamos começando o processo e iniciando a curva, temos que ter calma porque a quarentena é um remédio extremamente amargo, duro e tem hora em que vamos precisar usar”, disse o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta.
Curva esperada
No dia em que a Covid-19 matou o primeiro brasileiro, o Ministério da Saúde anunciou um aumento de 138% dos casos confirmados da doença, saltando de 98 para 234 infectados. Essa foi a maior variação até hoje. Desde segunda-feira (23), os aumentos não passaram de 22%, caindo para 11%, ontem. No entanto, a pasta estima que, com a implementação dos testes rápidos, esses percentuais voltarão a disparar. “O número de óbitos sempre será absoluto. Então, quando se aumentar os casos, a letalidade ficará menor que 2,4. Será mais um elemento para que a própria população possa gradativamente entender a dinâmica da virose na nossa sociedade”, explicou Mandetta.
Em complemento ao ministro, o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, afirmou que a evolução da doença no Brasil está dentro do esperado. “A partir do registro 100, projetávamos dobrar os números a cada 2 dias. Nossa curva de crescimento está entre a de países que tiveram a menor curva de casos”.
De acordo com a terceira nota técnica do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), o grupo que monitora a curva de crescimento da Covid-19 comparou as projeções anteriores à realidade. Entre 16 e 20 de março, o país manteve o crescimento bem próximo às projeções otimistas. No melhor cenário, a previsão era de 919 casos confirmados e, na prática, o montante ficou em 904.
Apesar da aparente boa notícia, os estudiosos alertaram: “Acreditamos que a subnotificação, um baixo volume de testagem e a demora nos resultados dos testes confirmatórios possam ter afetado os valores reportados pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estaduais, de forma a estarem abaixo do que eles são na realidade”. Ao fim do mês, o estudo prevê até 11,5 mil confirmações, no pior cenário.
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