Uma semana depois de as escolas públicas e particulares terem suspendido as aulas para preservar as crianças, a disseminação da COVID-19 apresentou nesta quarta-feira (25/3) uma leve redução de casos novos, depois de um pico de diagnósticos positivos de acordo com os dados oficiais compilados pela reportagem do Estado de Minas. O dia 18 de março marca a primeira medida de isolamento social adotada por recomendações médicas e implementada pelo governo de Minas e pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Por isso, checar a evolução dos casos a partir dessa data pode dar uma primeira impressão da importância que o afastamento traz para evitar a transmissão do novo coronavírus (Sars-Cov-2), segundo a avaliação de especialistas.
“A partir da semana que vem, poderemos começar a ter uma visão mais completa sobre a eficácia do isolamento praticado até agora. Essa medida, de suspender as aulas foi a primeira de uma série e levou muitos outros setores a fazer o mesmo, alguns até voluntariamente”, observa o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano Silva. O infectologista destaca que os sintomas das pessoas que estão infectadas geralmente se iniciam cinco dias depois do contágio, podendo levar até 14 dias para se manifestar.
O pico de casos novos confirmados em Minas Gerais ocorreu nos dias 21 e 23, com 36 diagnósticos positivos divulgados em cada um desses dias. Nas mesmas datas, a capital mineira – que concentra o maior número de doentes no estado – também registrou picos de confirmações: 25 em cada uma das duas datas. Observando os gráficos, nota-se uma tendência de queda nos dias 24 e 25, que é acompanhada por São Paulo, pela capital daquele estado e pelos dados gerais do Brasil.
Atualmente, segundo boletim de ontem da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o estado registra 133 pessoas confirmadamente infectadas, sendo 90 delas em BH. Nos últimos dois boletins diários, a confirmação de casos se restringiu a três a cada 24 horas em BH, sendo esses também os únicos diagnósticos positivos em Minas Gerais.
Porém, o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia recomenda cautela, pois o isolamento ainda não tem uma previsão de término. “Ainda estamos muito no começo para se ter uma ideia de quando será possível abandonar o isolamento social. Enquanto isso, é importante que se mantenha essa postura e se continue seguindo as orientações de higienização, para que não tenhamos um colapso do sistema de saúde”, alerta Silva.
O também diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, médico Carlos Starling, avalia que o afrouxamento das medidas de isolamento ainda não está perto. “Ainda nem chegamos à fase mais grave da disseminação da infecção. O pico e seus efeitos mais terríveis ainda estão por vir. Por isso, segue a recomendação de isolamento e de se evitarem aglomerações”, orienta. Vale lembrar, que há um enorme fosso entre o total de casos confirmados e os em investigação. Em Minas, permaneciam em análise ontem 14.227 casos suspeitos.
Ainda que em queda e com um número absoluto menor do que os registrados em São Paulo e no Rio de Janeiro, estados com mortes pela COVID-19, a progressão de casos confirmados em Minas Gerais e em Belo Horizonte foi mais rápida proporcionalmente.
A média de confirmações de novos casos de infectados pelo novo coronavírus na capital mineira, entre os dias 16 e 25 de março, foi de 30,7% sobre o total de doentes, enquanto a velocidade de Minas foi de 29,6% sobre a totalidade de registros diários no mesmo espaço de tempo. Números acima da média entre os dias 16 e 24 de São Paulo, capital, por exemplo, com a razão de 12%, do estado de São Paulo (16,4%), da capital do Rio de Janeiro (20,4%), do estado fluminense (20,6%) e até que o Brasil (21,4%).
Falta padronização
Saiba Mais
Sem aulas, crianças ainda podem ser vistas desrespeitando o isolamento que as retirou das aulas há uma semana e as protegeria. Muitas circulam pelas ruas vazias da capital mineira, brincando como se estivessem de férias. Contudo, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que o Conselho Tutelar age de maneira preventiva apenas quando a violação do direito de um menor é evidente e ainda não foi acionado para orientar os pais em tais casos.
“Nesse sentido, não recebemos até o momento nenhuma demanda de acionamento do Conselho para esse assunto, mas o procedimento seria no sentido de orientar e reforçar as medidas de prevenção e segurança instituídas pelas autoridades em saúde”, afirma a administração municipal.
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