Brasil

Coronavírus: pacientes oncológicos precisam de dose extra de cuidado

Como pacientes oncológicos costumam ter a saúde debilitada devido à própria doença ou por conta dos tratamentos a que são submetidos, é indispensável adotar medidas especiais de higiene e reduzir o contato com outras pessoas durante a pandemia

Correio Braziliense
postado em 28/03/2020 07:00
ilustração de um grupo de pessoasNo grupo dos brasileiros que estão mais expostos ao risco do coronavírus (Covid-19), há uma população específica que deve ter cuidado redobrado: os portadores de neoplasias que levem à imunossupressão. “Pacientes oncológicos são incluídos nesse caso (imunossupressores), dependendo do estágio e tipo de tratamento”, explica o oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Grupo Oncoclínicas.

O especialista alerta que o grupo mais vulnerável não é classificado pelo risco de contaminação. “Essas pessoas são classificadas pela forma como o coronavírus pode se manifestar, representando, portanto, um risco de sintomas mais graves da doença devido ao sistema imunológico debilitado”, afirma Bruno.

A autônoma Maiara Luize Neves dos Santos, de 28 anos, precisou fazer algumas mudanças na rotina após o surgimento da Covid-19. Ela tem Doença de Crohn e passou recentemente por uma cirurgia. Morando sozinha, decidiu não ter contato com outras pessoas por acreditar não ser necessário receber visitas.

 “Agora, faço uso de delivery para tudo, mas sempre optando por ligação e não aplicativos, pois, assim, consigo pedir para que a empresa encaminhe um motoboy com luvas e máscara”, conta a moradora de Taguatinga. A autônoma ressalta que chegou a ser chamada de louca pelo excesso de cuidados.

A estudante Mariana Nunes, 22, que mora em Planaltina (DF), faz tratamento contra um linfoma, câncer do sistema linfático. Com a ameaça do coronavírus, Mariana passou a conviver exclusivamente com a mãe e avó, ambas, também, do grupo de risco.

 “Estamos seguindo à risca as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Não estamos recebendo visitas. As ligações de vídeo e as redes sociais ajudam a diminuir um pouco o tédio do distanciamento social”, conta a jovem. “Ficar em casa é melhor do que quarentena no hospital”, alerta.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) tem produzido diversos materiais informativos sobre como o paciente oncológico pode se prevenir. 

As indicações para pacientes com câncer incluem evitar contato físico, como cumprimentar com beijos e abraços, e contatar o médico em caso de febre, coriza, tosse seca, falta de ar. No hospital, recomenda-se evitar contato físico direto, mesmo com o médico e a equipe de saúde.

Moradora de Sobradinho, a jornalista Michele da Conceição, 30 anos, também está em quarentena. Ela sai de casa apenas para dar continuidade ao tratamento contra um sarcoma de Ewing, câncer que ocorre com mais frequência nos ossos ou ao redor deles. Faz quimioterapia semanal, consultas e exames no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF). 

“Não notei nenhuma diferença, de antes da pandemia para o atual cenário, em relação aos funcionários, pois todos os cuidados já eram tomados pelos profissionais. O que se nota é que os pacientes estão todos de máscara e é o recomendado pelos médicos”, conta a jornalista.

'Zona suja e limpa'
O militar inativo Sócrates Rosa Filgueiras, 52, também morador de Sobradinho, fez transplante renal em 2015. Desde que soube das recomendações da OMS e da SBOC, passou a seguir todas as medidas, inclusive a de evitar aglomerações. 

“Como sou transplantado, diabético e tenho pressão alta, ao sair às ruas procuro usar uma máscara e utilizo álcool em gel de forma mais intensificada. Já era um cuidado adotado depois do transplante, mas agora faço intercalando com as lavagens das mãos. Todos da família estão seguindo as normas de higiene também”.

A médica Edna Marques de Oliveira, arritmologista e eletrofisiologista do Instituto do Coração de Taguatinga, diz que os familiares devem cooperar com quem está nos grupos de risco redobrando os cuidados de higiene. 

“Uma dica é criar a 'zona suja e limpa' em casa para acomodar os sapatos, celulares e bolsas ao chegar em casa, além de ir diretamente para o banho antes de ter contato com a pessoa com baixa imunidade”, destaca. “Se, por extrema necessidade, for necessário sair de casa, a pessoa com baixa imunidade deve adotar cuidados específicos como o uso de máscaras, roupa de manga comprida, higienizar sempre as mãos e evitar levar as mãos ao rosto”.

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