Brasil

Subnotificação é um problema para o governo, avaliam infectologistas

O presidente Jair Bolsonaro diverge de medidas tomadas pelos governadores que propõem isolamento em massa. No entanto, com as subnotificações, fica difícil saber quando seria adequado voltar às atividades

Correio Braziliense
postado em 28/03/2020 07:00
uma mulher com termometroO novo coronavírus não para de crescer no Brasil. No entanto, Ministério da Saúde e especialistas apontam que este número deve ser muito maior. Os números da Covid-19 seriam como um iceberg, já que embaixo dos casos notificados estaria a base de pacientes com coronavírus que não foi testada ou sequer apresentou sintomas. A subnotificação pode ser um problema para o governo, que precisa planejar ações de contenção da pandemia.

O vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre Cunha, explica que quando não é possível calcular quantos casos existem, exatamente, é difícil planejar ações adequadas. “Sem ter esse dado mais correto para saber em que período da epidemia estamos, é impossível planejar as estratégias e saber o quão rígida precisa ser a medida de distanciamento”, pontua o médico.

O presidente Jair Bolsonaro diverge de medidas tomadas pelos governadores que propõem isolamento em massa. No entanto, com as subnotificações, fica difícil saber quando seria adequado voltar às atividades. “Para fazer isolamento só de idoso, por exemplo, a gente precisaria já ter um número razoável de jovens infectados. Não podemos deixar todos os suscetíveis expostos ao mesmo tempo”, afirma o infectologista.

Alexandre explica que isso não é um problema apenas do Brasil: “Nenhum país consegue testar toda sua população. Logo, esse subdiagnóstico é bem frequente”. O Ministério da Saúde não estima número de casos subnotificados e se limita a dizer que 86% dos casos de Covid-19 não apresentam sintomas. Logo, nunca será possível contabilizar todos.

“Podemos multiplicar os números que vemos por cinco, dez ou até mesmo 20, sem medo de errar. A maioria dos casos não foi nem testada”, alerta o vice-presidente da Sociedade de Infectologia do DF.

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