Correio Braziliense
postado em 28/03/2020 04:03
O número de casos confirmados do novo coronavírus no país em um mesmo dia bateu recorde. Foram 502 novos casos diagnosticados de quinta para sexta. Com o incremento de 17,2%, o último levantamento do Ministério da Saúde mostrou 3.417 registros da Covid-19. O número de mortes subiu de 77 para 92. Com isso, a taxa de letalidade do vírus no Brasil se mantém em 2,7%. Os óbitos foram registrados em nove estados. Após o balanço do Ministério da Saúde, foi divulgada a primeira morte no Distrito Federal — um homem de 46 anos, hipertenso e diabético.
O Paraná apareceu pela primeira vez na lista dos estados que registraram mortes. As vítimas são um homem de 84 anos e uma mulher de 54 anos. Ambos possuíam comorbidades. São Paulo continua sendo o estado com mais óbitos e mais casos. Ao todo, são 68 mortes pela Covid-19, sendo 10 notificações em apenas um dia. De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, a doença mata, em média, uma pessoa a cada duas horas e 20 minutos. O número de óbitos cresceu 209% em apenas cinco dias.
O restante das vítimas está localizado nos seguintes estados: Rio de Janeiro (10), Ceará (3), Pernambuco (4), Amazonas (1), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (1) e Goiás (1). Um levantamento feito pelo ministério com 85 vítimas da Covid-19 traça o perfil do grupo. Nele, é mostrado que 64,7% das mortes correspondem a pacientes do sexo masculino e 35,3% são do sexo feminino.
A maioria das vítimas no Brasil é de pessoas acima de 60 anos. Ou seja, dentro do grupo de risco. Além de idosos, o coronavírus matou três pessoas com idade entre 20 a 39 anos e seis, com idade entre 40 a 59 anos. A faixa mais jovem era formada por portadores de comorbidades. Cerca de 85% das vítimas apresentavam ao menos um fator de risco. Entre as principais comorbidades identificadas estão a cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença renal crônica, imunodepressão, doença hematológica crônica, doença neurológica crônica, asma, obesidade e doença hepática crônica.
Quando se fala em casos confirmados da doença, todos os estados brasileiros já registraram pacientes. No entanto, os números concentram-se na região Sudeste, onde 1.952 pessoas foram diagnosticadas com Covid-19. Em seguida, está o Nordeste, com 539 casos; Sul, com 463; Centro-Oeste, com 318; e Norte, com 145.
O ministério também levantou que, das 14.204 hospitalizações de pessoas com Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) registradas desde o início de 2020 no país, 497 são de casos confirmados da Covid-19. “Parte desse processo estava dentro da expectativa esperada. Ainda temos um reflexo dos casos importados”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. Ele aproveitou para lembrar que agora, no Brasil, começa o início da sazonalidade de doenças respiratórias: “É natural ter, nas próximas semanas, uma sobreposição da epidemia de coronavírus com Influenza, por exemplo”.
O órgão afirmou que hoje fará um balanço ainda mais completo para relatar quantos pacientes já foram internados, quantos já se curaram e para dar outras informações. A presença do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está confirmada. “Vamos apresentar um cenário para os próximos 30 a 60 dias”, indicou o secretário-executivo, João Gabbardo.
Campanha polêmica
O Ministério da Saúde posicionou-se, em coletiva, ontem, sobre a campanha publicitária “O Brasil não pode parar”, lançada pelo governo federal, que defende o isolamento vertical.
“Estamos na frente de uma casa que está incendiando. Nós temos alternativas para combater este incêndio. Tem gente combatendo com extintor, outros com escada e equipamento mais sofisticado.Nossa função nessa história é retirar o máximo de pessoas lá de dentro. Não fiquem esperando que o Ministério da Saúde jogue um palito de fósforo ou coloque oxigênio para aumentar esse fogo. Não tentem forçar o ministério a incendiar uma coisa que já está na nossa frente”, comentou Gabbardo, ao ser questionado sobre a participação do órgão na formulação da ação do governo.
“Estamos na frente de uma casa que está incendiando. Nós temos alternativas para combater este incêndio. Tem gente combatendo com extintor, outros com escada e equipamento mais sofisticado. Nossa função nessa história é retirar o máximo de pessoas lá de dentro”
João Gabbardo, secretário-executivo do Ministério da Saúde
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