Brasileiros estão se mobilizando para conter a disseminação do coronavírus. Mas não são só os adultos que fazem parte desse time: crianças de diferentes idades fazem sua parte para ajudar a amenizar a crise provocada pela Covid-19. Assim como os adultos podem sentir-se temerosos e ansiosos diante do momento delicado que vivemos, os pequenos podem ter tais sentimentos. A psicóloga e psicopedagoga Ariane Ramos Siqueira afirma que até quem não compreende o que é um vírus se sente temeroso. “A criança teve sua rotina modificada, parou de ir à escola, não tem contato com os amigos ou os avós, não pode passear e percebe a inquietude e insegurança dos pais. O coronavírus pode virar 'um bicho papão' na mente de uma criança. E como lidamos com isso? Construindo com ela possibilidades de lidar com seus receios”, explica.
Nesse caminho, iniciativas para ajudar o próximo podem dar a meninos e meninas uma maior importância, uma espécie de super-poder. “A criança pode desenhar e gravar vídeos para enviar àqueles que se sentem só. Ou ajudar, dentro de sua possibilidade e faixa etária, idosos que estão em isolamento, como, por exemplo, se oferecer para passear com o animal de estimação”, afirma a psicóloga. “Quando a criança oferece, ela também recebe. O sorriso, a atenção, o carinho. E, por sua vez, sente-se mais segura e menos ansiosa”.
Em Francisco Morato, na Grande São Paulo, um vídeo protagonizado por Fabiana Alcantara, de 10 anos, repercutiu nas redes sociais. Ela fez uma paródia da música 'Menina Solta', interpretada pela cantora Giulia Be. “A ideia surgiu pelo fato de Fabiana ficar cantando pela casa. Um dia, escutando a música e cantando, junto comigo, ela soltou 'esse vírus solto'. A partir daí, tive a ideia de montar uma paródia em cima disso”, conta a cirurgiã-dentista Ana Paula Alcantara, de 28 anos.
A menina ajudou a mãe a compor a paródia, que recebeu o nome de “Nós vamos superar”. “No dia seguinte, tentamos gravar o vídeo para mostrar a todos que podemos nos distrair e entender a mensagem. Eu quero levar para todo mundo a ideia de lavar a mão, adultos e crianças. Com tantas notícias ruins, pensei em fazer algo bom”, resume Fabiana.
Em Florianópolis, a fotógrafa Milena Reinert, mãe da pequena Olívia Maoli, de 3 anos, ensina em forma de game como lidar e entender a doença. “Com jogos e brincadeiras, tudo fica mais divertido. Eles passam a entender melhor o porquê das coisas. Brincando é como a gente consegue se comunicar na linguagem deles”.
Em outro vídeo, Olívia ensina como lavar as mãos. “Surgiu da necessidade de ter que lavar as mãos de uma forma mais intensa, antes do surgimento do vírus”, ressalta Milena. No fim das gravações, ela diz que “Olívia sempre passa uma mensagem paras crianças e famílias se conscientizarem”.
Fique em casa
Para incentivar a quarentena, os irmãos Henry Lucena, 8, Ryan Lucena, 7, e Ysabella Lucena, 3, de Riachão, no Maranhão, fizeram uma foto segurando cartazes com uma mensagem para que as pessoas fiquem em casa. A ideia foi da mãe, Maria do Socorro Martins, de 36 anos. “Eles amaram. Aqui, foi sucesso nos grupos, com vários compartilhamentos no Instagram e vários comentários. Algumas amigas me mandaram um direct falando que acharam a postagem muito legal”, conta a mãe.
O Colégio CEC – Centro Educacional da Criança, do Gama, já realizava, mesmo antes da pandemia, um projeto permanente chamado Valores. Nele, são trabalhadas ações de cidadania e um programa socioemocional. “Logo que surgiu a notícia da pandemia, iniciamos a campanha 'Liga anti-coronavírus'. Acreditamos que isso tenha um impacto dentro da família, pois quando educamos as crianças, elas levam isso para dentro de casa. Assim, elas são vigilantes da mãe, do pai, do avô, de todos. Então, acreditamos que fazendo essa ação com as crianças, conseguimos atingir a família por inteiro”, informa a escola.
* Estagiários sob a supervisão de Andreia Castro
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