Brasil

Crise pior nas Américas

Correio Braziliense
postado em 01/04/2020 04:33
Em videoconferência para vários países, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, Carissa Etienne, disse ontem que a pandemia na região vai aumentar e piorar antes de melhorar, como ocorreu em outras nações, por conta da transmissão comunitária. Segundo ela, nas Américas, são 773 mil casos confirmados e 2.836 mortes. “A esperança deve nos alentar se seguirmos dois pilares: solidariedade e evidências científicas”, disse, defendendo o isolamento social.

Etienne afirmou que a Opas está trabalhando na América para controlar a doença. “Muitos países-membros estão enfrentando o desafio de combater a Covid-19 em um contexto de desigualdade e restrição financeira”, apontou. Para a diretora, a pandemia colocou os sistemas sanitários de todos os países à prova. “Precisamos assegurar que os países possam utilizar os recursos disponíveis. Estamos em tratativas com as autoridades regulatórias nacionais para alavancar recursos para produtos médicos”, assinalou.

Para Etienne, a única forma de reduzir a velocidade de propagação e evitar um colapso nos sistemas de saúde é o distanciamento social. “Os países precisam adotar medidas urgentes para preparar instalações médicas temporárias. O vírus não será detido por fronteiras”, ressaltou. “As medidas podem parecer drásticas, mas a única forma de evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados é o isolamento”, destacou.

Com base na experiência em países fora das Américas, Carissa Etienne assinalou que parece prudente adotar medidas de distanciamento por dois ou três meses. “Ainda não temos evidências robustas de remédios ou vacinas, por isso, essa segue sendo a melhor opção para evitar consequências mais sérias”, reforçou.

Apartados e juntos
Segundo a diretora da Opas, apesar de apartados, os seres humanos estão mais conectados do que nunca. “Vamos compartilhar soluções. Nas próximas semanas, temos que trabalhar juntos, mesmo fisicamente separados. A solidariedade nunca teve um sentimento tão profundo como agora”.

O diretor Ciro Ugarte destacou que a Organização Pan-Americana da Saúde vai mandar 200 mil testes de provas, sobretudo, àqueles países que não podem comprá-los diretamente. Nos próximos três meses, serão 900 mil. Ugarte alertou que o pico do contágio depende das medidas adotadas. 

O distanciamento é fundamental para reduzir a carga nos hospitais e nos respiradores, reforçou o diretor Jarbas Barbosa. “A primeira estratégia é impedir a transmissão. A segunda é aumentar a capacidade de atenção, como a suspensão de todos os procedimentos que não sejam essenciais nas redes hospitalares”, disse. Para desafogar os leitos de UTI, Barbosa sugeriu outras estratégias, como teleconsulta, telemedicina e atenção básica.

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