Correio Braziliense
postado em 01/04/2020 04:34
O Brasil fechou março, mês em que o país registrou a primeira morte pelo novo coronavírus, com 5.717 casos confirmados e 201 mortes. Os números chamam a atenção, já que, de segunda para terça, foram registrados tanto o maior aumento diário de pacientes diagnosticados, 1.138, quanto o maior aumento de óbitos pela doença, 42. A letalidade do vírus no país, no entanto, continua sendo de 3,5%. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçou, em coletiva, que a recomendação no momento é manter “o máximo de distanciamento social”. A medida vai na mesma direção que o recomendado por especialistas e pela Organização Mundial da Saúde.
“Sabemos que o estanque absoluto, o tempo todo, não é bom para saúde e não é bom para ninguém. Nós vamos trabalhar com o máximo de planejamento. No momento, vamos fazer, sim, o máximo de distanciamento social, o máximo de permanência dentro das nossas residências, para que possamos, quando estivermos mais preparados, ir liberando e monitorando pela epidemiologia. São trabalhos de muita precisão para a gente poder movimentar”, ressaltou.
Questionado se já é possível avaliar o alcance das medidas de isolamento social, Mandetta disse ainda ser cedo. “Temos um período muito curto para avaliar se os números de casos estão em queda ou se estão subindo, mas não entramos naquela curva de espiral absoluta, que teve em Nova York e em outras cidades, porque houve essa conscientização de todo mundo”, avaliou.
O ministro explicou que para analisar o grau de benefício das medidas adotadas pela pasta é preciso esperar duas semanas para ver como isso vai se replicar nos próximos 14 dias, tempo de incubação da doença. No entanto, reforçou a importância do isolamento social de todos. “Se a gente volta para uma atividade agora, pode acontecer de, daqui a duas, três semanas, a gente ter uma ascendência nos casos, e de não ter equipamentos. Logo, a gente pode ter que ir para um lockdown total para proteger os nossos trabalhadores”, afirmou.
18 estados
Todas as cinco regiões do Brasil já registraram mortes em decorrência da Covid-19. Ao todo, 17 estados e o Distrito Federal têm vítimas: São Paulo (136), Rio de Janeiro (23), Ceará (7), Pernambuco (6), Piauí (4), Rio Grande do Sul (4), DF (3), Amazonas (3), Paraná (3), Minas Gerais (2), Bahia (2), Santa Catarina (2), Alagoas (1), Goiás (1), Maranhão (1), Mato Grosso do Sul (1), Rondônia (1) e Rio Grande do Norte (1).
A região Sudeste segue como a detentora do maior número de casos confirmados, com 3.406 pacientes diagnosticados. Em seguida, está o Nordeste, com 875 casos; o Sul, com 672; o Centro-Oeste, com 470; e o Norte, com 294. O Ministério da Saúde ainda reforçou que o número de internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) cresceu 149% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em nova apresentação da investigação das vítimas da Covid-19 no país, o maior grupo de risco continua sendo o de pessoas acima de 60 anos. A maioria possui alguma comorbidade. Das 201 mortes, 181 foram investigadas: 89% das vítimas têm 60 anos ou mais e 84% apresentam pelo menos um fator de risco. Na contramão, 28 pacientes que evoluíram para óbito não têm comorbidade. Destes, cinco têm menos de 60 anos.
Um por todos
O clima no Ministério da Saúde está mais pesado do que nunca. Desde o último fim de semana, quando a demissão do ministro Luiz Henrique Mandetta se tornou uma possibilidade concreta, os três principais técnicos da equipe que está na linha de frente do combate ao novo coronavírus avisaram que deixarão seus cargos se o chefe cair.
João Gabbardo Reis, secretário executivo; Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde; e Erno Harzhein, secretário de Atenção Primária à Saúde, deixaram claro, por mais de uma vez, que não aceitarão a troca de comando no ministério num momento tão importante, pois têm a certeza de que Mandetta está fazendo um trabalho exemplar no combate à Covid-19.
A postura do presidente Jair Bolsonaro vai de encontro às medidas sugeridas pelo Ministério da Saúde e adotadas pelos governadores dos estados. O chefe do Planalto chegou a dizer que estabeleceria o isolamento vertical, no qual somente pessoas com mais de 60 anos e pessoas com doenças crônicas ficariam em isolamento. E afirmou repetidas vezes que estuda liberar o retorno às atividades de trabalhadores formais e informais que precisam “levar sustento” para casa.
Colaborou Vicente Nunes
“Se a gente volta para uma atividade agora, pode acontecer de, daqui a duas, três semanas, a gente ter uma ascendência nos casos, e de não ter equipamentos. Logo, a gente pode ter que ir para um lockdown total para proteger os nossos trabalhadores”
Luiz Henrique Mandetta,
ministro da Saúde
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