Brasil

Cuidado: golpes virtuais ganham força durante a pandemia de coronavírus

O laboratório de segurança digital da PSafe afirma que mais de 4,5 milhões de brasileiros já acessaram páginas fraudulentas sobre o ''corona voucher''

Golpistas aproveitam o momento de crise para aplicar golpes relacionados ao novo coronavírus. Em tempos de isolamento social, criminosos utilizam plataformas on-line para alcançar a população. O principal canal de contato com as vítimas tem sido o WhatsApp. Mensagens são enviadas com links de formulários que, quando preenchidos, informam aos criminosos os dados pessoais das vítimas. O laboratório de segurança digital da PSafe afirma que mais de 4,5 milhões de brasileiros já acessaram páginas fraudulentas sobre o “corona voucher” — auxílio de R$600 para pessoas de baixa renda aprovado pelo governo na última segunda-feira (30).

O WhatsApp disponibilizou em seu portal dicas para os usuários não disseminarem fake news e tentativas de golpe. Dentre as orientações, está confirmar os fatos com fontes confiáveis. Em outros casos espalhados pela web, constam ofertas de pacotes de internet e serviços de streaming gratuitos. João Vitor Silva, de 23 anos, recebeu uma mensagem, encaminhada pelo irmão de 10 anos, anunciando que a Netflix havia liberado acesso gratuito à plataforma devido à pandemia. Ao clicar no link disponibilizado, o usuário acessa uma página apontada como insegura pelo navegador web. João achou o endereço “estranho” e avisou o irmão que se tratava de um golpe.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgou, no último dia 25, aviso informando que a organização não oferece pacotes de internet ou qualquer outro produto. Acrescentaram, ainda, que a empresa “jamais solicita dados pessoais por mensagem, e-mail ou ligação”.

Na ocasião, a Anatel alertou os seguidores nas redes sociais para golpes on-line. “Links com descontos maravilhosos e preços muito convidativos? Pop-ups chamativos e banners em sites que você não conhece? Quando a esmola é demais, até o santo desconfia”, diz uma das publicações.

Em outra artimanha, os criminosos telefonam, principalmente para idosos, se passando por servidores do Ministério da Saúde e os informam de um benefício que será concedido após o envio de dados bancários e endereço. Nessa quarta-feira, a pasta divulgou um novo sistema de busca ativa de informações sobre o coronavírus. A população receberá ligações automáticas para realizar avaliação de sintomas. Assim, é possível acompanhar a evolução da doença e mapear áreas de risco de contágio. Para que as pessoas não caiam em golpes, a recomendação é conferir o número 136 no identificador de chamadas, referente ao Disque Saúde.

Promessa milagrosa

Em Brasília, o endocrinologista Pedro Leão foi interditado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) por falsas promessas relacionadas à Covid-19. As denúncias são de um anúncio sobre um kit que fortaleceria a imunidade e evitaria sintomas mais graves do novo coronavírus. O médico permanecerá afastado das atividades profissionais até o julgamento do caso.

O endocrinologista é dono do Instituto Pedro Leão, especializado em longevidade, metabologia, nutrição, emagrecimento e performance esportiva. Nas redes sociais, o especialista publica dicas de saúde e, recentemente, tratou sobre os possíveis benefícios da prática esportiva em meio à epidemia.

Em vídeo postado no Instagram, o médico se defende das acusações: “Não prometi a cura para o coronavírus”. “É um produto meramente para o reforço da imunidade, são ativos que há muitos anos já são usados na medicina para essa finalidade”, justifica o médico. Contatado pelo Correio, o Instituto Pedro Leão não quis se manifestar.

 

Saiba como se proteger


Nas redes sociais da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o delegado Laércio Carvalho, da 35ª DP, dá dicas para evitar golpistas em tempos de pandemia. Ele conta que há indivíduos que se passam por agentes do governo ou funcionários de hospitais públicos e particulares. E recomenda aos cidadãos que nunca forneçam dados bancários e pessoais por meio da “internet, WhatsApp ou qualquer outro meio dessa ordem”. “Denuncie o criminoso para que a polícia possa atuar”, reforça.

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) também soltou um alerta à população. No informativo, a PCPR lista alguns golpes já identificados: “agendamento do teste de coronavírus em casa, aplicativos que rastreiam a doença pelo mundo, álcool em gel da Ambev, vacina, acesso grátis à Netflix e kit gratuito com máscara e álcool em gel”. “Via de regra, o usuário deve desconfiar de ofertas gratuitas”, recomenda a polícia sobre ofertas em sites e mensagens.

Vice-presidente e líder da prática de Cyber da Kroll no Brasil, Walmir Freitas, explica que hackers têm aproveitado o momento para infectar celulares, tablets e computadores por meio de e-mails com correntes e fake news sobre o coronavírus. “O usuário pode clicar em um link com dicas de como se prevenir e, neste link, dar o acesso a todas as informações pessoais registradas em seu dispositivo”.

Para fugir de armadilhas como essa, Walmir diz ser importante procurar se informar em canais oficiais de informações, do governo federal, estadual, municipal. “Principalmente, não devem seguir corrente de WhatsApp, nem canais de comunicação desconhecidos, pois até o excesso de informações é prejudicial”, aconselha.

*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro