De acordo com o estudo, BH e região metropolitana devem ter saturação de leitos de 27 deste mês a 1º de maio, a depender da articulação entre as medidas paliativas implementadas. A exaustão de ventiladores mecânicos está projetada para ocorrer de 18 a 28 deste mês. Já o esgotamento dos leitos de UTI de BH e macrorregião de saúde deve ocorrer do início deste mês até o dia 13.
Para traçar diferentes cenários para a progressão do esgotamento de recursos, os cientistas articularam três grupos de variáveis (dois com duas variáveis cada e outro com três) que têm a capacidade de alterar paliativamente o cenário futuro. Essas variáveis dizem respeito à “ocupação hospitalar” (a possibilidade de se reduzir em 50% a ocupação média do ano passado, causada por outras doenças, para então se alocar mais leitos, leitos de UTI e ventiladores para casos de COVID-19), à relação “serviços públicos x privados” (considerando, por exemplo, a possibilidade do deslocamento de hospitais privados para o controle temporário do estado) e à “demanda por leitos de UTI” (se essa demanda estará na faixa de 5% ou de 12% dos casos).
Articuladas, essas variáveis possibilitaram que os pesquisadores projetassem 12 cenários para cada cidade/macrorregião. “Como estamos em uma etapa inicial de contágio, ainda é precoce estimarmos uma taxa de internação em UTI. Assim, foram adotados os cenários já relatados para China e Itália, com percentual de casos internados em UTI de 5% e 12%, respectivamente”, explica Lucas Resende de Carvalho, pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, um dos autores do trabalho.
Contudo, o que o estudo mostra é que, mesmo combinadas, todas essas medidas paliativas são capazes de, no máximo, atrasar em cerca de uma semana o esgotamento generalizado de leitos, UTI e respiradores.
Hospitais particulares
Na rede particular, o diretor-presidente do Hospital Semper, cardiologista Carlos Eduardo Diniz Couto, informou que o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da unidade está com ocupação de 65%. A média é acima de 95%. Essa redução se deve à suspensão de atendimentos e cirurgias eletivas devido à pandemia. “Temos planejado a reestruturação do hospital desde o fluxo de entrada dos pacientes, com diferenciação de equipes médicas e local de atendimento com barreiras físicas entre pacientes com sintomas respiratórios e outros em geral.”
Saiba Mais
“Temos sofrido muito com a dificuldade de aquisição e os altíssimos custos de EPI. Uma máscara cirúrgica que era vendida a R$ 0,10 hoje é ofertada por até R$ 5 por exemplo. Todos os nossos colaboradores receberam e estão recebendo treinamento para atuação frente à pandemia.” As projeções, segundo o presidente, “são as mesmas do estado quanto à perspectiva de aumento dos casos nos próximos 14 dias.”
Já o Hospital Madre Tereza informou que foram criados 20 leitos de UTI, obedecendo uma reestruturação para se adequar aos procedimentos durante a pandemia, além de área específica para atendimento de casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus, sendo um setor de apartamentos e outro de enfermaria. Foi montada um comitê de gestão de crise, com reuniões diárias para “analisar dados da COVID-19 e orientar o corpo clínico de funcionários na tomada de decisões “auxiliando no estabelecimento de protocolos e rotinas de atendimento como a criação de um pronto-atendimento exclusivo para atendimento a pessoas com sintomas gripais, ou suspeitos na Portaria 2.” Foram suspensas as cirurgias eletivas e mantidas as de urgências e emergências e as cirurgias oncológicas.