Correio Braziliense
postado em 13/04/2020 14:25
As medidas tomadas pelo prefeito Alexandre Kalil para conter a pandemia de coronavírus em Belo Horizonte foram alvo de protesto na manhã desta segunda-feira (13). Vestidas de verde e amarelo, cerca de 50 pessoas, entre representantes do comércio de Belo Horizonte e de movimentos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, se reuniram em frente à sede prefeitura, onde exigiam o fim do isolamento social, além do impeachment de Kalil - chamado em diversos momentos chamado de "comunista" e "ditador".As faixas e cartazes erguidas pelos manifestantes pediam também por intervenção militar. "Nós queremos a intervenção militar ou federal em Belo Horizonte, uma vez que os decretos do Kalil estão impedindo o belo-horizontino de ir e vir. Ele vem cercando praças, fazendo com que pessoas que exercem atividades físicas nesses locais tenham que se exercitar na rua, sob risco de atropelamento. A população está evitando aglomerações, está usando máscaras. Então, o prefeito está coibindo um direito universal (o de ir e vir)", justifica Júlio Hubner, relações públicas e fundador do movimento Patriotas em BH.
"Nossa bandeira jamais será vermelha!", gritavam os manifestantes em torno do líder.
Ironicamente, essa era a cor das camisas usadas por um pequeno grupo de trabalhadoras que se juntou ao protesto na porta da PBH. No caso, funcionárias da Loja do Barbeiro, que vieram com seus uniformes vermelhos reivindicar o retorno das atividades comerciais na capital.
"Eu abracei essa causa junto com o dono da loja. Não podemos continuar do jeito que está. É pai de família, mãe de família que precisam das lojas serem reabertas. Nós temos medo do pegar coronavírus, mas temos muito mais medo de morrer de fome", discursou uma funcionária da Loja do Barbeiro nos degraus de acesso à prefeitura.
Recados
Proprietário de um escritório de advocacia no bairro Sagrada Família, Região Leste da capital mineira, José Antônio do Nascimento destacou o impacto negativo do isolamento social para a economia da cidade e mandou um aviso ao prefeito. "Então, Kalil, nós vamos incentivar quem for prejudicado e precisar demitir a acionar o artigo 486 da CLT: a prefeitura vai ter que pagar a conta", afirmou, referindo-se ao trecho da legislação trabalhista prevê o pagamento da indenização da multa do FGTS pelo governos em caso de "paralisação do trabalho motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal". A aplicação da norma no contexto do surto global de COVID-19 é assunto controverso entre juristas.
Questionado sobre os efeitos da reabertura do comércio na propagação do coronavírus nos sistemas de saúde, Júlio Hubner, líder dos Patriotas em BH, minizou a questão e contestou orientações de autoridades sanitárias para o combate à COVID-19, tais como Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Saiba Mais
Instituições como a Sociedade Mineira de Infectologia e o Ministério da Saúde alertam para o fato de que não há evidência científica que comprove a dificuldade ou facilidade de o coronavírus se reproduzir em países de clima tropical, com temperaturas acima dos 25°C.
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