Brasil

Interromper isolamento social sem critério só retarda colapso, diz pesquisa

A análise feita por um grupo de cientistas da UnB e da USP usa a realidade do DF para traçar as projeções com três cenários. Em todos, há a previsão de um colapso do sistema de saúde local

Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 16:02
A análise feita por um grupo de cientistas da UnB e da USP usa a realidade do DF para traçar as projeções com três cenários. Em todos, há a previsão de um colapso do sistema de saúde localA reabertura do comércio e volta das atividades econômicas de maneira indiscriminada é um desperdício de esforços do que já foi feito em termos de restrições de circulação para o combate ao novo coronavírus e só adiará o momento do colapso. A afirmação consta na nova análise feita pelo portal Covid-19, iniciativa formada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB). 

Para chegar a essa conclusão, o grupo usou a realidade do Distrito Federal e comparou os cenários : um leva em conta as medidas de isolamento de forma continuada, o outro faz as estimativas sob um cenário sem as ações e o último traça o panorama caso as medidas tivessem sido interrompidas no início dessa semana, como era previsto antes do novo decreto que prorroga o prazo até 3 de maio. 

De acordo com o relatório, sem as ações de distanciamento, o pico de 12.440 internações em UTI estava previsto para este domingo (19/05). Já com a continuidade da mesma, haveria um ápice de 4.784 pacientes graves em 12 de julho. Caso o isolamento social começasse a ser interrompido na segunda-feira (13/04), a estimativa é de um pico de 12.904 internações em UTI em 18 de junho. “Como mostra a análise, uma volta sem critérios científicos, sem cuidado é o mesmo que jogar fora tudo o que foi adquirido com o esforço social”, afirma o pesquisador da UnB e membro do grupo Mauro Sanchez. 

Saiba Mais

A análise, ainda, ressalta a importância das ações de governo para equipar o sistema de saúde de forma a comportar a demanda. Sem aumentar a capacidade instalada, em nenhum dos cenários o DF teria como suportar a demanda extra trazida em meio à pandemia. 

Para Sanchez, o papel da sociedade, em ficar em casa, é extremamente importante, mas precisa ser paralelo aos esforços dos gestores, que têm uma equação complexa para resolver. “Cabe às autoridades garantir subsistência dos mais necessitados, saber afrouxar as medidas no momento certo e de forma gradual e saber equipar o sistema de saúde, adquirindo mais equipamentos e adotando estratégias para vagar os leitos. E isso precisa ser equilibrado por cada governante brasileiro, respeitando as peculiaridades dos territórios.”

A análise feita por um grupo de cientistas da UnB e da USP usa a realidade do DF para traçar as projeções com três cenários. Em todos, há a previsão de um colapso do sistema de saúde local

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