Correio Braziliense
postado em 15/04/2020 04:12
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, disse, ontem, que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, “cruzou a linha da bola” ao cometer uma falta grave (no polo, esporte praticado pelo vice-presidente). Ele se referiu à entrevista que Mandetta concedeu no domingo, ao Fantástico, da TV Globo, quando disse que “o povo não sabe se escuta o presidente Jair Bolsonaro ou o ministro da Saúde”. “Não precisava ter dito algumas coisas”, destacou o general. No entanto, Mourão opinou que Mandetta não deve sair: “Existe muita especulação, e o presidente não deve trocar o ministro agora”.
O general rechaçou que a ala militar tenha tido influência na manutenção do chefe da pasta de Saúde no cargo. “Tem sido nossa grande preocupação separar as Forças Armadas dos elementos militares que fazem parte do governo. Nenhum comandante fica dando apoio expresso ao governo, porém cumpre sua missão, como cumprirá com relação a qualquer governo”, destacou. “No caso do ministro Mandetta, está sendo considerado muito bom, principalmente agora, capitaneado pelo ministro Braga Netto (Casa Civil), porque precisa de um coordenador. A questão envolve vários ministérios, Cidadania, Relações Exteriores”, disse.
Intramuros
Para Mourão, não seria favorável substituir o ministro da Saúde neste momento. "Avaliando a situação e o trabalho do Mandetta, cabe muito mais uma conversa, chamar e acertar a passada. Discutir intramuros e não via imprensa. Eu não estava na conversa que tiveram (Bolsonaro e o ministro da Saúde) na semana passada. Todo mundo diz que existe um anão embaixo da mesa do presidente. Então, a não ser que o anão tenha ouvido alguma coisa…”, brincou o vice-presidente.
O general negou, entretanto, que tenha havido entrevero na reunião ministerial da semana passada. “Ele (Bolsonaro) abriu a reunião em relação a todo o ministério, sobre a necessidade para uma maior coordenação. Quando chegou a hora do Mandetta falar, ele apresentou suas ponderações sobre a situação, a coisa transcorreu num nível de serenidade e lealdade. Não houve essa briga.”
Chamado na última hora
A edição do Diário Oficial da União (DOU) de ontem trouxe resolução que institui um grupo de trabalho para a coordenação de ações estruturantes e estratégicas para recuperação, crescimento e desenvolvimento do país, no âmbito do Comitê de Crise da Covid-19. Com participação de diversos órgãos governamentais, o grupo deverá chamar-se Programa Pró Brasil, conforme informado pelo ministro Braga Neto, da Casa Civil, em coletiva. Com 16 representantes de ministérios citados, a publicação não incluía o nome de Mandetta. Questionado, o governo informou que o Ministério da Saúde entrará no time. Não se sabe, porém, quando a inclusão da Saúde será formalizada. Entre as competências do grupo interministerial está indicar possíveis ações estruturantes, atos normativos e medidas legislativas para a retomada das atividades afetadas pelo novo coronavírus em âmbito nacional. (Renata Rios)
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