Correio Braziliense
postado em 16/04/2020 08:17
A gravidade da infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), capaz de sufocar os atendimentos da saúde com casos críticos, mortos e a multiplicação de infectados nos círculos íntimos ampliaram o temor da Covid-19 na Grande Bh. E o reflexo mais nítido disso é que os moradores da região apoiam o isolamento social de forma tal que concordariam em se manter afastadas do contato público por 10,8 semanas, superando a marca da semana anterior, que indicava uma tolerância média de 9,6 semanas.É o que mostram os resultados da segunda amostra semanal da pesquisa “Termômetros da Crise Covid-19”, realizada pelo Instituto Olhar – Pesquisa e Informação Estratégica/Netquest e divulgada pelo Estado de Minas. (Confira os resultados abaixo) Na semana dos dias 2 a 6 de abril, a disposição era para 67,2 dias após 23 de março, o que levaria a reclusão até o dia 29 de maio. Agora, os ouvidos entre 9 e 13 de abril estão dispostos a 75,6 dias de tolerância, até o dia 6 de junho.
Na prática, a alta é de oito dias corridos, o que representaria 12,5% de incremento na aceitação ao recolhimento como forma de evitar o contágio da enfermidade. A avaliação dos pesquisadores é de que isso tenha sido reforçado pela percepção de que os quadros da doença são mais críticos do que se imaginava, uma vez que na primeira pesquisa a nota média para a gravidade da Covid-19 era de 7,6 pontos em 10.
Nesta segunda pesquisa a nocividade do vírus atingiu 8,2 pontos. Somado a isso, vem a ampliação do volume de infectados que os entrevistados conhecem, que era de 14,6% e se ampliou para 22,9%.
“Essa é uma relação estatística. Quanto mais se percebe a presença da doença, a sua gravidade e o número de casos cresce exponencialmente (tendem a ter uma rápida e progressiva elevação), trazendo a doença para conhecidos e parentes. Tudo isso faz com que as pessoas pensem em se proteger mais. Uma das formas de fazer isso é tolerar mais dias isoladas”, avalia o sócio-diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade, que é doutor em administração. O especialista destaca que, apesar de o número total de entrevistados que conhecem pessoas infectadas não chegue a um quarto do total, de uma semana para a outra já se ampliou em mais de 56,6%.
Pelas respostas, contudo, os entrevistados mostram que ainda saem às ruas para conduzir atividades que julgam essenciais em número cada vez mais elevado. Esse indicador era de 66,2% na primeira semana e passou para 76,3% na segunda. Aumentou também a proporção de pessoas que não fazem nem isolamento nem evitam contato de 0,9% para 2%. Enquanto isso, reduziram as razões de pessoas que reduziram o contato social, mas não se isolaram (de 9,3% para 5,3%) e o de quem está completamente isolado e não sai de casa para nada (de 15,3% para 13%). Pessoas que dizem que não estão isoladas por suas atividades serem consideradas essenciais eram 8,4% e agora são 3,5%.
A pesquisa avalia semanalmente quatro “termômetros” relacionados à Covid-19 (Confira o quadro). O primeiro parâmetro é o "Isolamento Social", que indica o quanto se apoia e se compromete com o afastamento para evitar o contágio. Em seguida, o fator de medição é o "Medo e da Presença da Covid-19", para se avaliar o quanto as pessoas estão temerosas e sentem a presença da infecção na sua realidade.
Os entrevistados também dão notas para o desempenho do poder Executivo, por meio do "Termômetro da Atuação dos Governos". Por último, o levantamento procura saber qual é a percepção sobre o impacto gerado pela pandemia nos mercados, finanças e empregos pelo "Termômetro da Economia". Desta vez a amostragem foi de 249 pessoas, apresentando uma margem de erro de 6,1 pontos. A primeira amostragem foi de 795 pessoas.
A preocupação com a economia se mantém como o mais elevado dos termômetros, com nota 9 em 10 – na semana anterior era de 9,1. Esse índice mostra que as pessoas têm quase certeza de que a Covid-19 influenciará com grande impacto as contas públicas mundiais, do Brasil, do estado e do município, mas terão menor impacto nas próprias finanças. Contudo, o percentual de famílias afetadas pela crise passou de 58,3% para 62,3%. "O que se espera e o que se verifica na economia ocorre gradualmente. Há índices que aina não refletem nos termômetros, mas que podem avançar. Na primeira pesquisa, 1,8% dos trabalhadores tinha perdido o emprego em função da crise. Em uma semana esse número passou para 2,5%.”, observa Andrade.
Executivo - A atuação dos governos executivos dentro da crise da Covid-19 na segunda semana de pesquisas apresenta leve melhora, com destaque para a avaliação do governo federal, ainda que seja o pior avaliado pelos entrevistados. É uma mudança pouco significativa, mas que segue com a tendência de que quanto mais próximo da pessoa é a estrutura governamental, maior a aprovação, com as prefeituras recebendo as melhores percepções, seguidas do estado e do governo federal.
Saiba Mais
Para Andrade, a melhora do governo federal é um retrato dos acontecimentos da semana e pode mudar na próxima avaliação. “O fato diferenciado da semana da pesquisa foi a reunião do presidente Jair Bolsonaro com o ministro Luiz Henrique Mandetta. Esse encontro acalmou um pouco os ânimos e mostrou um trabalho de equipe mais bem dirigido”. Mas ele chama a atenção para acontecimentos seguintes que podem ter o poder de interferir na próxima amostragem. “No domingo, os dois já voltaram a bater cabeça e novamente marcaram firmemente posições antagônicas. Ou seja, isso pode mudar os resultados, pois tinham sinalizado uma espécie de trégua e agora vai depender dos próximos passos”, avalia.
Confira os resultados da pesquisa
Termômetros da Covid-19
Veja a evolução do que se pensa na Grande BH sobre a infecção (notas de 0 a 10)
Termômetro de Apoio ao Isolamento Social (Não mudou)
8,6 (2 a 6 de abril) // 8,6 (9 a 13 de abril)
Apoio ao isolamento social como meio de superar a crise
8,3 (2 a 6 de abril) // 8,2 (9 a 13 de abril) ---------------- -0,1
Comprometimento dos familiares com o isolamento
8,2 (2 a 6 de abril) // 8,1 (9 a 13 de abril) ---------------- -0,1
Adesão do entrevistado ao isolamento
9,4 (2 a 6 de abril) // 9,5 (9 a 13 de abril) ---------------- %2b0,1
Termômetro do Medo e da Presença do COVID-19 (Aumentou 0,3)
7,5 (2 a 6 de abril) // 7,8 (9 a 13 de abril)
Receio de ser contaminado
6,5 (2 a 6 de abril) // 6,7 (9 a 13 de abril) ----------------- 0,2
Gravidade para a saúde se for contaminado
7,6 (2 a 6 de abril) // 8,2 (9 a 13 de abril) ----------------- 0,6
Medo que familiares e amigos contraiam a doença
8,5 (2 a 6 de abril) // 8,6 (9 a 13 de abril) ----------------- 0,1
Termômetro da Atuação dos Governos (Aumentou 0,2)
6,4 (2 a 6 de abril) // 6,6 (9 a 13 de abril)
Desempenho do governo federal
5,5 (2 a 6 de abril) // 5,9 (9 a 13 de abril) ------------------- 0,4
Contribuição do estado
6,3 (2 a 6 de abril) // 6,5 (9 a 13 de abril) ------------------- 0,2
Atuação da prefeitura da sua cidade
7,4 (2 a 6 de abril) // 7,5 (9 a 13 de abril) ------------------- 0,1
Termômetro da Economia (Diminuiu 0,1)
9,1 (2 a 6 de abril) // 9,0 (9 a 13 de abril)
A crise do coronavírus vai afetar a economia mundial
9,3 (2 a 6 de abril) // 9,3 (9 a 13 de abril) -------------------- 0
Quanto vai afetar a economia brasileira
9,6 (2 a 6 de abril) // 9,5 (9 a 13 de abril) ------------------- -0,1
Efeitos negativos na economia do estado
9,5 (2 a 6 de abril) // 9,4 (9 a 13 de abril) ------------------- -0,1
Prejuízos serão grandes para a economia da sua cidade
9,2 (2 a 6 de abril) // 9,2 (9 a 13 de abril) -------------------- 0
Crise vai afetar as suas contas
7,7 (2 a 6 de abril) // 7,7 (9 a 13 de abril) -------------------- 0
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