Correio Braziliense
postado em 17/04/2020 07:22
Em um esforço sem precedentes, a comunidade cientÃfica brasileira já se mobiliza na realização de pelo menos 76 estudos com seres humanos para entender o comportamento da covid-19 e buscar possÃveis tratamentos.
O número está no mais recente balanço da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão ligado ao Ministério da Saúde responsável por dar o aval para pesquisas que envolvam pessoas. Entre as investigações, a maioria (21) é de ensaios clÃnicos de possÃveis tratamentos para a infecção.
Dez deles envolvem testes com cloroquina ou hidroxicloroquina, drogas que vêm sendo defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro. As substâncias, mais conhecidas como antimaláricas, têm vários efeitos colaterais, principalmente relacionados a arritmias cardÃacas. Até o momento se mostrou promissora em testes com poucas pessoas no mundo. Nenhum estudo em larga escala ainda foi capaz de mostrar sua eficácia.
O balanço, apresentado em relatório da Conep finalizado na terça-feira, mostra ainda pesquisas com antibióticos, corticoides, plasma convalescente (de pessoas recuperadas) e até células-tronco mesenquimais. Mais de 8 mil pacientes participarão dos 21 estudos clÃnicos que buscam encontrar um tratamento para a covid-19. Os ensaios foram propostos por 17 instituições de pesquisa de cinco Estados. Entre elas estão centros renomados como a Faculdade de Medicina da USP, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Hospital Albert Einstein.
Dos dez estudos que envolvem remédios à base de cloroquina, três investigarão o uso isolado da substância, ou da sua variante menos tóxica, a hidroxicloroquina, e outros sete pesquisarão a eficácia da utilização do remédio associado ao antibiótico azitromicina.
Um dos mais aguardados é o que está sendo coordenado pela Fiocruz para investigar a eficácia de quatro tratamentos contra a covid-19: a cloroquina e hidroxicloroquina, o remdesivir; uma combinação de dois medicamentos para o HIV, o lopinavir e o ritonavir; e a mesma combinação mais interferon-1A, um mensageiro do sistema imunológico que pode ajudar a paralisar o vÃrus.
Força-tarefa
O trabalho, que começou no fim de março, faz parte de um esforço mundial, coordenado pela Organização Mundial da Saúde, que está investigando essas quatro possibilidades de tratamento em vários paÃses. No Brasil vão participar 18 hospitais de 12 Estados, com a expectativa de alcançar cerca de 1,2 mil pessoas. O estudo vai permitir descartar drogas que eventualmente já se mostrarem ineficazes, assim como incluir outras, mas, como ainda está muito no começo, não foi possÃvel chegar a nenhuma conclusão, de acordo com Estevão Portela Nunes, investigador principal do estudo no Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz.
Ainda não foi possÃvel testar, por exemplo, o remdesivir, um medicamento usado contra o ebola que foi considerado promissor, mas também ainda carece de resultado em testes randomizados, quando os pacientes são escolhidos aleatoriamente e há um grupo controle. A droga ainda não está disponÃvel no Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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