Brasil

Covid-19: música une dois vizinhos que não se conheciam, em performances

Apresentação de um trompetista e de um tenor tem embalado os fins de tarde de quarentena dos moradores do Bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte

Correio Braziliense
postado em 17/04/2020 08:25

Marlon Humphreys, trompetista da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, diz que quis alegrar um pouco os dias, pois Em meio à solidão causada pelo isolamento social e às medidas de quarentena impostas para a população, a música traz alegria para os moradores do Bairro Gutierrez, Região Oeste de Belo Horizonte. Isso porque os vizinhos Marlon Humphreys e Rodrigo Arantes resolveram se juntar, sem ao menos se conhecer, para levar melodia para as pessoas. Marlon, trompetista da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, e Rodrigo, tenor, se apresentam todos os dias junto ao pôr do sol. Assistir à performance musical da dupla, pelas janelas e varandas dos prédios, mesmo que de longe, acabou se tornando compromisso para alguns moradores da região.


Em conversa com o Estado de Minas, os músicos contam que a paixão pela música foi o que acabou motivando as apresentações.  “Tenho a música como minha maior terapia. Sou defensor da ideia de que por meio dela seja possível trazer felicidade para as pessoas. Agora confinadas, essa é uma forma de tranquilizá-las”, explica Rodrigo. “Os dias estavam tristes. A energia era pesada. Por isso que ao olhar um pôr do sol tão bonito me ocorreu que tocar parecia certo”, conta Marlon.

Rodrigo Arantes é oficial do Ministério Público e usava seu dom para cantar em casamentos. Isolado por conta da pandemia de COVID-19, a ideia de cantar na varanda veio de um pedido da mulher, Juliana. “Eu estava me sentindo muito triste, abalada com toda a situação. Então pedi para que ele cantasse Ave Maria, de Schubert. Ele canta e nosso coração explode de felicidade”, conta a mulher.

 

 

 


De acordo com o tenor, assim que terminou de cantar a música solicitada pela esposa, ele escutou palmas vindas da vizinhança. Poucos minutos depois, Marlon Humphreys também foi até a janela, acompanhado de seu trompete. “Foi natural. E acredito que quando a gente faz o melhor para as pessoas, a gente também recebe o bem. Acaba trazendo alegria para estes dias tristes”, conta o trompetista da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

As filhas de Rodrigo, Valentina e Catarina, de 7 e 1 ano, também adoram assistir ao pai. Até a mais nova já aprendeu o nome do parceiro de música do pai e sempre bate palmas na hora das apresentações. “A gente nunca tinha conversado. Conhecia o Marlon apenas de vista. Agora está todo mundo mais unido. Não só eu, ele e nossas esposas, mas todo o condomínio”, conta Rodrigo.

Apresentação de um trompetista e de um tenor tem embalado os fins de tarde de quarentena dos moradores do Bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte

Amigos

 
O grupo do WhatsApp do prédio, antes usado apenas para assuntos do condomínio, acabou se transformando em um grupo de amigos. Com pedidos de música e conversas sobre o dia a dia na quarentena, os moradores acabaram se aproximando e se conhecendo melhor. Agora, combinam um festival de música para depois que a quarentena acabar.

Saiba Mais

Mas o que acabou chamando mais a atenção nas conversas pelo WhatsApp foi uma senhora, dona Ermelinda, que não perde um show e sempre escreve poesias para agradecer aos músicos. “Dedicação é habilidade/É capacidade/Praticar a cortesia/É harmonia/Ser alma, ser coração/É música e canção/É a celebração do viver/ É hora de renascer/Parabéns, Rodrigo e Marlon.”
 
 

Palavra de fé

Apresentação de um trompetista e de um tenor tem embalado os fins de tarde de quarentena dos moradores do Bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte 
 
Um hotel em Poços de Caldas, Sul de Minas, manterá a palavra “FÉ” em sua fachada, escrita com as luzes dos apartamentos, enquanto durar a quarentena pela COVID-19. É o que afirma a gerente Elaine Martins, que teve a iniciativa em 23 de março, após ver a foto de um prédio, em outra cidade, que havia formado um coração com as luzes. “Preferimos escrever a palavra fé porque é tudo o que precisamos em um momento difícil como este”, diz. A gerente tirou uma foto externa do hotel e fez o desenho no celular para ver quais apartamentos deveriam ter as luzes acesas – foram usados 26 dos 120 quartos do edifício. 

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  • Foto: Alexandre Guzanshe/EM
  • Foto: Magson Gomes/EM

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