Brasil

O perigo está no ar

Em meio à pandemia, doenças respiratórias, comuns nesta época do ano, merecem atenção redobrada. Covid-19, gripe, resfriado ou alergia? Saiba diferenciar os sintomas para decidir quando procurar o sistema de saúde

Correio Braziliense
postado em 19/04/2020 04:06

Nesta época do ano, é rotina para os brasileiros com problemas respiratórios, como asma e rinite alérgica, adoecerem. A diferença é que, agora, somado ao perigo de enfrentar a pandemia com o sistema imunológico debilitado, esses sintomas podem facilmente ser confundidos aos do novo coronavírus. Para ajudar e tentar diminuir a preocupação da população, especialistas explicam as diferenças entre as doenças e ressaltam a importância de saber quando as pessoas devem procurar o sistema de saúde.
 
A agressividade e o alto grau de transmissão do novo coronavírus vêm assustando países em todo o mundo. Mas problemas respiratórios, como asma e alergias, devem receber atenção especial neste período do ano no Brasil. O país está entrando nos meses que habitualmente registra o maior número de doenças respiratórias. “Outras doenças respiratórias podem debilitar os pacientes, principalmente os idosos, pessoas com comorbidades e imunodeprimidos”, alerta a médica de Marta de Fátima.
“Nas estações de outono e inverno há aumento da frequência de infecções virais (gripe e resfriado) e bacterianas, como amigdalite, otite, sinusite, assim como aumento de crises de asma e piora da rinite alérgica”, explica a médica Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci, membro da Comissão de Políticas de Saúde da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
 
Em meio à pandemia, muitos estão buscando atendimento médico por acreditarem estar com Covid-19, enquanto, na verdade, pode-se tratar de outras doenças respiratórias. O infectologista Gilberto Nogueira, que atua no Hospital Santa Luzia, relata que essa confusão ocorre porque a infecção pelo coronavírus pode apresentar desde sintomas leves, comuns em qualquer resfriado, até quadros graves de pneumonia viral e dificuldades respiratórias graves.
 
Segundo o médico, o importante é saber que quando se tem um resfriado comum com sintomas leves, mesmo que seja pelo novo coronavírus, se deve evitar procurar os serviços de saúde. “É fundamental que as pessoas saibam quais são os grupos de risco e quais são os sinais de alarme para procurar atendimento médico”, alerta. A atenção deve ser redobrada em casos de febre por mais de 48 horas, falta de ar, esforço para respirar, pele pálida ou azulada, náuseas e vômitos. Ou sonolência excessiva, em caso de crianças e idosos.

Grupos de risco

Fazem parte do grupo de risco pessoas com mais de 60 anos ou que apresentem alguma comorbidade, como diabetes e hipertensão, que não estejam controladas, ou problemas respiratórios. Nesse caso, os mais graves são enfisema pulmonar e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). Também entram no grupo de risco indivíduos com bronquite, incluindo os asmáticos. “Por isso é tão importante saber quando procurar atendimento médico. Pessoas com asma e alergia precisam ter atenção especial se os sintomas que estão sentindo são diferentes do habitual ou se estão apresentando algum sinal de alarme”, ressalta Nogueira.
 
Uma boa notícia é que diversas regiões, não só no Brasil, mas mundo afora, estão apresentando uma melhora na qualidade do ar. Isso se deve à redução da poluição, o que ajuda a amenizar ou evitar problemas respiratórios, responsáveis por uma grande quantidade de pacientes nas emergências de hospitais. “Estamos tendo menor exposição aos fatores que desencadeiam ou pioram os problemas alérgicos e infecciosos, principalmente os do Trato Respiratório Superior e Inferior”, pontua a médica.
 
» Duas perguntas para 
 
infectologista Gilberto Nogueira, do Hospital Santa Luzia
 
Asma e alergias precisam de atenção especial devido ao coronavírus nesse período?
Sim, atenção é sempre necessária. Estamos entrando no período que habitualmente temos o maior número de doenças respiratórias. Por isto, saber quando procurar atendimento médico é tão importante. Pessoas com asma e alergia precisam ter atenção especial em relação aos sintomas, se o que estão sentindo é diferente do habitual ou se estão apresentando algum sinal de alarme.
 
É possível que a Covid-19 seja combinada a outra doença respiratória? Quais as consequências disso para a saúde do paciente?
Sim, chamamos isso de coinfecção. Pode acontecer essa combinação com outros vírus respiratórios, mas, na verdade, é pouco comum. Além disso, quando o indivíduo apresenta quadro respiratório grave de Covid-19, pode ficar mais propenso a adquirir outras infecções de origem bacteriana, com necessidade de tratamento antibiótico. 
 
 
 

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