Correio Braziliense
postado em 21/04/2020 04:04
Enquanto o recém-empossado ministro da Saúde, Nelson Teich, segue distante das declarações à imprensa desde que foi nomeado para o posto, na semana passada, Jair Bolsonaro vai assumindo a comunicação do governo federal para informar o que o país deve esperar da Covid-19 nas próximas semanas. Apesar das projeções de especialistas de que a pior fase da doença tenha início na transição de abril para maio, o presidente aguarda o fim das medidas de isolamento social e a volta da população às ruas já nesta semana. Pediu “tranquilidade e calma” aos brasileiros ao afirmar que 70% deles vão ser contaminados.
Insatisfeito com os reflexos da paralisação da atividade econômica por conta das quarentenas obrigatórias, Bolsonaro afirmou que as medidas adotadas por governadores e prefeitos são ações “excessivas” e que elas “não atingiram seu objetivo”. “A situação econômica do país está se agravando, cada ponto percentual de decrescimento para o Brasil, ou cada ponto percentual de mais desemprego, a consequência é a violência, o caos. São mortes, a fome, a desgraça, tudo que está aí. Tudo o que é feito com excesso acaba tendo problema”, reclamou.
O presidente disse esperar “que essa seja a última semana dessa quarentena, dessa maneira de combater o vírus todo mundo em casa”. “Vamos encarar de peito erguido e eu sou presidente de peito erguido para decidir. Não vou pecar por omissão. Meu papel é preservar a liberdade do brasileiro. Se nós tivermos um quadro de caos, a gente não sabe o que vai acontecer. O povo com fome, com dificuldade, com filho doente em casa, a gente não sabe o que vai acontecer. Ou melhor, até sabe. Mas não quero levar a um clima de incerteza. Dá para recuperar o Brasil ainda”, analisou.
Diante das falas de Bolsonaro, Teich presenciou pela primeira vez um capítulo bastante visto pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, cujo discurso era frequentemente contestado pelo presidente. No domingo, o sucessor na pasta havia elogiado a atuação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que não compactua com o afrouxamento nas regras de distanciamento social neste momento. O ministro ainda declarou que era “compromisso do Brasil em trabalhar em conjunto e encontrar soluções para a saúde global”.
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