Correio Braziliense
postado em 23/04/2020 15:27
O Grupo Mulheres Guerreiras do HAC, Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais (ASTHEMG e SINDPROS) e outros funcionários do Hospital Alberto Cavalcanti realizaram uma homenagem nesta quarta-feira (23), na entrada do hospital, lembrando da profissional de saúde Maria Aparecida Andrade, tecnica de enfermagem do CTI do hospital, que morreu vítima do coronavírus.A homenagem começou às 10h e foi, acima de tudo, uma forma de protesto dos profissionais da saúde, que pediram socorro pela situação que estão passando. Na linha de frente do combate à Covid-19, os médicos, enfermeiros, tecnicos e fisioterapeutas do hosptital denunciaram a falta de EPI's (equipamento de proteção individual), de testes preventivos nos funcionários e a falta da dispensa de trabalhadores com comorbidades de suas funções, que, segundo eles, permanecem correndo riscos no hospital por parte da FHEMIG e do governo de Minas Gerais.
A técnica em enfermagem Jussara Duarte, que trabalha na CTI do HAC, mesmo setor de Maria Aparecida, relata desde quando a colega de trabalho foi diagnosticada com a COVID-19, e posteriormente, depois de seu falecimento, os funcionários do hospital têm pedido desesperadamente os testes para a FHEMIG, pois existe o risco de estarem contaminados e assintomáticos, e transmitirem o vírus para outros funcionários, pacientes e para suas familias ao chegarem em casa.
"Eu não volto mais pra casa, por que quando eu chego lá vejo meu filho mais novo e vejo meus pais mais velhos, que são do grupo de risco, e tenho muito medo de colocá-los em risco" relata Jussara, que diz estar procurando outro lugar para ficar devido a sua incerteza causada pela falta de EPI's e testes.
Outra profissional da saúde, Carmisina Marta de Oliveira, conta que na unidade do hospital não era encontrado a máscara cirúrgica (ítem essencial na prevenção do coronavírus, principalmente aos medicos e enfermeiros) e teve que trazer sua própria de casa, além do uniforme, que, conforme relato deles, estão sendo lavados em casa.
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; Estado de Minas (@em_com)
"Me sinto desrespeitada demais, principalmente pelo documento que a FHEMIG enviou me informando que eu estava sim apta a trabalhar, mesmo após eu enviar o laudo médico informando que eu não poderia ter contato direto com pacientes e, se possível, deveria ser afastada do hospital", declarou Sonia. Ela sofre de cardiopatia e ainda assim não teve sua licença aprovada, e seguiu trabalhando e permanecendo em risco no hospital.
O protesto terminou com todos os participantes balançando balões brancos, prestando homenagem a Mari Aparecida e cantando: "A Cida não vai passsar, por que está dentro do meu coração", enquanto balançavam a faixa com os dizeres "existem pessoas que são eternas dentro da gente, e você, Cida, será sempre lembrada por todos nós do HAC."
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