Brasil

Pico da Covid-19 no Amazonas será em maio

Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 04:03
Com saúde colapsando, estado registrou 28 óbitos nas últimas 24 horas. Já são 2.888 casos e 234 mortes


Apesar de ser um dos estados do Brasil que já registram um colapso do sistema de saúde por causa do novo coronavírus, o Amazonas ainda deve ver a situação da própria capital piorar nos próximos dias, de acordo com as projeções feitas pelo governo do estado. O governador do Amazonas, Wilson Miranda Lima, afirmou, ontem, que o pico de casos da Covid-19 em Manaus deve acontecer na primeira quinzena de maio. O Amazonas é o quinto estado com mais óbitos e casos confirmados. Segundo o Ministério da Saúde, são 2.888 pessoas infectadas e 234 mortes.

“Aqui na capital os especialistas fazem projeções de quando a gente deve ter o pico da doença, e esse pico, de acordo com eles, deve ocorrer na primeira quinzena de maio”, disse Wilson Lima, durante a audiência pública sobre a situação do Amazonas, realizada pela comissão externa do coronavírus da Câmara dos Deputados. O gestor do estado afirma que a capital se prepara para o pior.

Um dos maiores problemas é a falta de leitos para receber os doentes. Segundo a secretária estadual de saúde, Simone Papaiz, existem hoje 668 leitos para atendimento de pacientes com Covid-19 no Amazonas, dos quais 222 são UTIs e 446 são leitos de enfermaria. Simone afirma que o estado necessitaria de 2.190 leitos exclusivos para atendimento e assistência à Covid-19.

A secretária estadual de Saúde do Amazonas declarou que a maior dificuldade enfrentada é a compra de respiradores, equipamento necessário para montar um leito de UTI. “Só vamos conseguir chegar a um número total de leitos à medida que conseguirmos fazer a compra desses respiradores”, afirmou. O governador ressaltou o pedido que já vem sendo feito pelo governo do estado. “O Amazonas precisa de equipamentos e insumos: respiradores, Equipamentos de Proteção Individual e recursos humanos”, afirmou Wilson.

O governador ainda pontuou que o estado convive com duas pandemias: o novo coronavírus e a H1N1. “Estamos no período do inverno amazônico, onde há uma chuva mais intensa. Isso facilita as síndromes respiratórias e faz com que as nossas unidades de saúde estejam lotadas. Nós estamos trabalhando no nosso limite”, disse. Wilson Lima ressaltou também uma preocupação com o interior do estado. De acordo com ele, 32 municípios do Amazonas já registraram casos do novo coronavírus. “Já temos mortes no interior. O município de Manacapuru é um dos que mais preocupa”, indicou.

Desabafo
Enquanto o governador alertava aos deputados sobre a situação do estado, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, aproveitava o momento para fazer um novo desabafo sobre a situação da capital do Amazonas. O prefeito, que já chorou e chegou a cobrar o respeito do presidente Jair Bolsonaro, disse, ontem, que apesar do esforço feito para manter a população em casa, as “aparições” do presidente da República têm desmobilizado a população.

“Fazemos um esforço danado para conservar as pessoas em casa. Essas aparições do presidente da República, dizendo que não há perigo e que é para ir para rua, desmobilizam. Então, eu não consigo, aqui, a mobilização necessária que a Inglaterra e a Alemanha conseguiram”, afirmou. Virgílio Neto afirmou que não existe a possibilidade de Manaus retomar completamente as atividades econômicas. “Mais pessoas vão adoecer e procurar hospitais, que já estão lotados”, justificou.

O prefeito disse que como nenhuma cidade do interior tem UTI, as pessoas se deslocam até Manaus para tentar conseguir um leito na capital. “Estamos inventando soluções porque as mortes, que eram de 20 a 30 por dia, em Manaus, de repente viraram 66, depois 88, 106, 135... E, cada vez, temos mais mortes em casa. Ou seja, as pessoas não conseguiram ser tratadas pelo sistema que deveria estar disponível para elas”, desabafou.

Durante a reunião, os deputados se comprometeram a cobrar do governo federal a liberação imediata de recursos de emendas individuais e de bancada para a área da saúde do Amazonas.

Força Nacional
Capital do Amazonas, Manaus recebeu, ontem, uma nova equipe médica composta por 13 profissionais para reforçar a capacidade de atendimento contra o novo coronavírus. Os 13 voluntários da Força Nacional do SUS passaram por um treinamento realizado pelo Ministério da Saúde, em Brasília. Formado por dois fisioterapeutas, três médicos e oito enfermeiros, o grupo é o segundo a chegar ao estado. Os profissionais devem atuar no Hospital Delphina Aziz, referência no tratamento da doença em Manaus. No dia 16 deste mês, a cidade recebeu 17 médicos e enfermeiros. Outro grupo, formado por 25 profissionais, está a caminho. A definição de onde os profissionais ficarão alocados será feita pelo gestor local.

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