Brasil

Orientação divide entidades

Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 04:03

A Sociedade Brasileira de Infectologia disse não comentar estudos em andamento, mas informou que continua válida sua nota de esclarecimento emitida no fim de março, em que diz ser “compreensível” o uso de cloroquina para pacientes críticos, mas manifestou “preocupação” que um tratamento possa causar mais prejuízo que benefícios. Não indica o uso preventivo nem para casos “não críticos”.

Antonio Carlos Lopes, da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, já defendia a cloroquina, combinada com anticoagulante, em início de tratamento contra a Covid-19 e elogia a decisão. “O que vale na vida do médico é experiência. Receito cloroquina há 40 anos para pacientes com artrite reumatoide, malária, entre outras e nunca tive efeitos colaterais”, afirma ele, que reforça a necessidade de prescrição médica para tratar os doentes.

Irma de Godoy, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, deixa a decisão pela prescrição nas mãos de médicos. “Não há informação científica suficiente para preconizar o uso rotineiro da cloroquina ou qualquer outra forma de tratamento. O médico que assiste o doente tem liberdade de prescrever o que achar mais apropriado, sabendo de todas as limitações.”

Ataque nas redes
Estudos sobre cloroquina viraram alvo de debate e violência política. Um dos estudos que vinham sendo conduzido com a cloroquina em Manaus – que foi modificado após observação de aumento de risco de complicações cardíacas – virou alvo em redes bolsonaristas, com os cientistas sendo chamados de irresponsáveis.

A Sociedade Brasileira de Virologia divulgou uma nota de repúdio aos ataques. Eles se referiam a um consórcio formado por mais de 70 profissionais do grupo denominado CloroCovid-19 que estavam testando duas dosagens de cloroquina em pacientes em estado grave, uma baixa, que seguia a recomendação do Ministério da Saúde, e outra alta, que seguia a que tinha sido adotada em pacientes na China. 

Alguns dias depois do início da pesquisa, 11 pacientes, que estavam distribuídos entre os dois grupos, morreram, mas a notícia veio à tona como se todos estivessem tomando a dose mais alta.

O Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos contra indica o uso dos medicamentos. Em documento de 21 de abril, a entidade aponta que a droga leva a efeitos colaterais como arritmia cardíaca, além de ter alta toxicidade.

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