Ricardo Brennand, nova vítima

Empresário e colecionador pernambucano morreu ontem, aos 92 anos, por complicações causadas pela Covid-19. Ele estava internado no Real Hospital Português, no Recife, desde o último domingo, após apresentar piora no quadro, pois vinha recebendo tratamento em casa

Correio Braziliense

postado em 26/04/2020 04:09

O empresário industrial e colecionador de arte Ricardo Brennand faleceu, aos 92 anos, na madrugada de ontem, por complicações causadas pela Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Brennand estava internado no Real Hospital Português, no Recife, desde o último domingo (19). De acordo informações do Diário de Pernambuco, amigos da família contaram que o empresário recebeu tratamento em casa no início dos sintomas, mas precisou ser internado após uma piora. O colecionador tinha problemas pulmonares. Ele deixa a esposa, Graça Maria, e sete filhos.

Ricardo Coimbra de Almeida Brennand nasceu em 27 de maio de 1927 e faria aniversário no próximo mês. Ele ficou bastante conhecido por ter fundado o Instituto Ricardo Brennand (IRB), uma sociedade sem fins lucrativos localizada em uma área de mais de 77 mil metros quadrados no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. A instituição era presidida pelo empresário desde 2002.

O espaço reúne a maior coleção mundial do artista holandês Frans Post, importante pintor das Américas e primeiro retratista da paisagem brasileira. Post acompanhou a comitiva do conde Maurício de Nassau ao Nordeste do Brasil em meados do século XVII.  As instalações ainda abrigam um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, com mais de 3 mil peças, entre elas 27 armaduras medievais completas. Em 2017, o IRB foi eleito como o melhor museu da América do Sul pelo site mundial de viagens TripAdvisor.

Hobby
Descendente de imigrantes ingleses que vieram para o Nordeste no século 19, empresário pernambucano também se dedicou ao ramo industrial de cimento, aço, vidro, porcelana e açúcar, entre outros negócios da família Brennand. Como hobby, ele passou a colecionar armas, adquirindo-as durante viagens na Europa ou na Ásia. Em 1990, vendeu suas ações e utilizou parte dos recursos para fundar o Instituto. Com ele, criou no Recife um polo turístico de reconhecimento internacional.

Além de colecionador e empresário, Ricardo concluiu os cursos de engenharia civil e engenharia mecânica, ambos na Universidade Federal de Pernambuco. Entre 1937 e 1942, ele estudou no Colégio Marista, tendo sido aluno também do Colégio Oswaldo Cruz. Durante toda sua educação, foi acompanhado por uma orientadora que o ensinou a falar fluentemente as línguas inglesa e alemã.

Em 19 de dezembro de 2019, a família perdeu o ceramista Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, que foi diagnosticado com um quadro grave de pneumonia. Francisco também tinha uma propriedade na Várzea, do outro lado do Rio de Capibaribe: a Oficina Cerâmica Francisco Brennand. Ricardo compareceu ao velório do primo, realizado na Capela Imaculada Conceição, dentro da Oficina.

Foram realizadas duas missas, ontem, em homenagem a Ricardo Brennand, na Paróquia de São Pedro, no Litoral Sul de Pernambuco, com transmissão ao vivo pela internet, sendo uma à tarde e outra, à noite.