Brasil

Coronavoucher: em BH, beneficiários são exportados para agências na capital

No 1° dia do cronogramas de saques do auxílio emergencial, grandes filas se formaram na porta de unidades da Caixa Econômica Federal do Centro de BH; muitos beneficiários vieram de cidades da RMBH

Correio Braziliense
postado em 27/04/2020 14:04
Às 8h da manhã desta segunda (27), primeiro dia do cronograma escalonado de saques do auxílio emergencial, em torno de 300 pessoas já se aglomeravam na agência da Caixa Econômica Federal da Rua Tupinambás, Centro de BHImensas filas formadas de gente tentando fugir de outras filas, ainda maiores ou mais mais competitivas. Entre os presentes, o sentimento geral de que o senso de urgência dos governos não acompanha o do cidadão. 

Este é o cenário encontrado em agências da Caixa Econômica Federal do Centro de Belo Horizonte na manhã desta segunda-feira (27), primeiro dia do cronograma de saques do auxílio emergencial - a ajuda aos informais e demais trabalhadores de baixa renda disponiblizada pelo governo federal durante a pandemia de coronavírus.  

Antes das 8h da manhã, centenas de pessoas aguardavam na porta das unidades das ruas Curitiba e Tupinambás, mobilizadas exclusivamente para resolução de demandas relacionadas a serviços sociais, como FGTS e seguro-desemprego. Uma fatia considerável desse público relatava vir de municípios da Região Metropolitana, sobretudo Ribeirão das Neves, onde a capacidade de atendimento das agências do banco foi descrita como muito limitada. 

É o caso de Regina Freitas, de 37 anos, moradora do bairro Justinópolis, em Ribeirão das Neves. A dona de casa conta que chegou por volta de 7h na agência da Caixa da Rua Curitiba. "No Centro Ribeirão das Neves, para ser atendido, tem que madrugar. As pessoas estão chegando às 4h ou antes para conseguirem entrar, pois lá distribuem poucas senhas diárias. Por isso eu preferi vir pra cá, que inclusive é a minha agência de referência", diz a a beneficiária. Ela relata que recebe o Bolsa Família e o auxílio emergencial já está disponível na conta do programa. "Vim aqui ver como recebo, pois estou sem cartão". 

Na unidade da rua Tupinambás, a dona de casa Ocimeri Gomes, 42 anos, narra situação semelhante. “Já fui quatro vezes à agência da Caixa de Ribeirão das Neves. Está sempre lotado. Quando eu chego lá, as senhas já estão todas distribuídas porque o pessoal chega na madrugada. As pessoas estão dormindo na fila”, afirma a moradora do Bairro Florença. Ocimeri diz que chegou à 8h na posto da Tupinambás, horário em que o atendimento teve início. Às 8h30, quando conversou com a reportagem, aguardava perto da esquina com a Rua Rio de Janeiro, onde a fila já dobrava o quarteirão. Ela alega dificuldades de se cadastrar via aplicativo para receber a renda básica emergencial. "Teve uma vez que tentei às 3h da madrugada, que quando fica menos cheio, né. No final do cadastro, aparece uma mensagem assim de que o meu número de celular não está vinculado ao meu CPF".

Adilson Damasceno, de 42, esperava sua vez um pouco atrás de Ocimeri. Ao ver a reportagem, fez questão de registrar sua indignação com a demora na liberação do auxílio emergencial. “Fiz a inscrição no dia 4 de abril. (O benefício) foi aprovado. Eu olho no aplicativo, diz que meu dinheiro entrou, mas ele não aparece na conta. Aí eu estou na fila, sujeito a pegar o coronavírus, porque a Caixa não disponibilizou meu dinheiro. Não era para eu estar aqui. Vim aqui para tentar resolver a situação com eu gerente. Meu aniversário é em 20 de abril. Pelo cronograma de pagamento, era para eu ter recebido no dia 17. Não sei o que pode ter acontecido, vou tentar resolver agora.l Está muito confuso”, reclama.
 
 

Caixa responde

 
Procurada pelo Estado de Minas, a Caixa Econômica Federal não informou se tomará providências para evitar o ou reduir deslocamento de moradores de Ribeirão das Neves e outras cidades da Região Metropolitana para as agências da capital mineira. 

Listou, contudo, as medidas que já tomou até o momento para enfrentar os efeitos do novo coronanvírus, como a ampliação do atendimento de 1.102 agências em duas horas, apenas para resolução de demandas pertinentes a serviços essenciais à população, como saque sem cartão e senha de benefícios do INSS, Seguro Desemprego e Defeso, Bolsa Família, Abono Salarial e FGTS. 

Saiba Mais

O banco citou ainda as ações realizadas para reduzir a possibilidade de propagação do vírus dentro das agências e casas lotéricas, como redução do fluxo de pessoas no interior dos estabelecimentos e monitoramento do respeito à distância mínimima de um metro entre um cliente e outro, recomendado pela Organização Mundial de Saúde. 

A empresa ressaltou, por fim, que a corrida às unidades da Caixa para solicitação, cadastro ou acompanhamento do auxílio emergencial é desnecessária, pois todos os procedimentos relativos à essa demanda podem ser realizados de forma remota, pelos aplicativos Caixa - Auxílio Emergencial, Caixa Tem e Bolsa Família. 

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