No dia em que o Brasil bateu a marca dos 85 mil infectados pela Covid-19, ultrapassando os números totais da China, o estado do Maranhão anunciou que entrará em lockdown por 10 dias. A decisão da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís ocorre porque a cidade está com a capacidade hospitalar praticamente esgotada. A unidade federativa é a primeira no país a adotar restrição mais rigorosa em função da pandemia. Com a atualização de 85.380 casos confirmados, o Brasil bate novamente o recorde de maior número de casos em 24 horas, 7.218, e entra para a lista das dez nações com mais diagnósticos do novo coronavírus no mundo.
Teich defendeu as medidas de ampliação de isolamento social anunciadas pelos governos de São Paulo, Rio e Amazonas, como resposta ao aumento de casos de óbitos e contaminações do novo coronavírus. O ministro ainda admitiu que o Brasil pode vir a registrar cerca de 1 mil mortes por dia. "É um numero possível de acontecer. Não quer dizer que vá acontecer", comentou. Ontem foram registradas mais 435. E considerou que medidas de flexibilização já anunciadas correm o risco de ser canceladas.
Com a situação do estado do Maranhão cada vez mais preocupante, a Justiça do estado decretou lockdown em quatro municípios da região metropolitana de São Luís. A medida vale por 10 dias — e começa a valer no dia 5 de maio. De acordo com a decisão, ficarão suspensas todas as atividades não essenciais à manutenção da vida e da saúde, com exceção de serviços de alimentação, farmácias, portos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas.
A decisão também vai suspender a circulação de veículos particulares, sendo autorizados somente a saída para compra de alimentos ou medicamentos, para transporte de pessoas e atendimento de saúde, serviços de segurança ou considerados essenciais pelo decreto estadual.
A determinação vem depois de o Ministério Público do Maranhão ajuizar uma Ação Civil Pública que solicitava ao Poder Judiciário que obrigasse o estado a cumprir medidas mais rígidas de confinamento na Ilha de São Luís. O estado acumula 3.190 casos confirmados da doença e 184 mortes.
Rio e São Paulo
A Prefeitura de São Paulo deve não apenas prorrogar o período de fechamento do comércio não essencial da cidade como ainda bloquear a circulação de carros nos próximos dias, caso a pressão por vagas em leitos de unidade de terapia intensiva (UTIs) continue nos níveis atuais e o porcentual de adesão ao isolamento social se mantenha abaixo dos 50%.
Já o município do Rio, pelo menos até o dia 15 de maio, manterá a maior parte do comércio fechada e a rede de ensino sem aulas, na tentativa de evitar a propagação do novo coronavírus. As medidas, que estão em vigor desde 24 de março e iriam expirar, ontem, foram estendidas por meio de decreto do prefeito Marcelo Crivella. As regras continuam as mesmas. Também na quinta, o governador Wilson Witzel estendeu as medidas de isolamento no âmbito estadual até 11 de maio.
Sessenta pessoas morreram de Covid-19 e 584 novos casos foram confirmados no estado em 24 horas, segundo boletim mais recente da Secretaria Estadual de Saúde. Agora, são 854 os mortos pela doença na unidade federativa, onde há 9.453 casos confirmados.
Com a curva do número de casos em ascensão, Teich disse que o ministério consolidou as diretrizes para balizar estados e municípios, mas foi enfático: “Ninguém está pensando em relaxamento. A gente está criando uma diretriz, o que é completamente diferente. Nesse momento ninguém está pensando em flexibilizar nada”.
Oito estados reúnem 88% das mortes
Na última atualização do Ministério da Saúde, os estados mais afetados pela epidemia da Covid-19 são Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Pernambuco, Amazonas, Maranhão, Pará e Bahia. Os oito estados têm mais de 100 mortes pela doença, cada, e, juntos, concentram 5.197 óbitos, totalizando 88% dos óbitos nacionais. Só em São Paulo, epicentro da doença no Brasil, registrou 128 mortes nas últimas 24 horas, chegando a um total de 2.375 perdas.
Justamente pela diversidade de cenários no mesmo país, o assessor especial de Nelson Teich e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Denizar Vianna, ressaltou a importância do papel da União e do Ministério da Saúde na formulação da política de saúde, priorizando a metodologia não-linear. “A distribuição tem que atender a cada realidade, de cada região. Hoje, a gente sabe que existe uma assimetria da epidemia no próprio território nacional. O objetivo foi definir critérios para que essa distribuição possa atender às necessidades de maneira a tratar o desigual de forma desigual. Esse foi o princípio”, explicou.
Recursos
Para aumentar a capacidade de atendimento, segundo a pasta, serão habilitados mais 184 leitos de UTI no estado do Amazonas; 175, em Santa Catarina; e 27, em Alagoas. Também haverá a liberação de mais R$ 482 milhões em créditos extraordinários de emendas parlamentares a nove estados mais críticos. Somente o Amazonas deve receber R$ 116 milhões desse montante.
Outra medida que prioriza aumentar a capacidade de atendimento em Manaus é o envio de 581 profissionais da saúde para garantir recursos humanos nos hospitais. Eles passarão por treinamento da pasta. “A todos aqueles estados que estão requisitando contribuição de ofertar treinamento, e também pessoal no banco de dados, estamos atendendo”, afirmou a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro. (MEC e BL)
Trump cita crise no Brasil pela 2ª vez
Em coletiva de imprensa na Casa Branca, ontem, o presidente norte-americano Donald Trump voltou a comentar a situação da epidemia de Covid-19 no Brasil. “Eu odeio dizer, mas o Brasil está muito alto, o gráfico está muito, muito alto. Lá em cima, quase vertical”, afirmou. Ele ressaltou que “o presidente do Brasil é realmente um bom amigo meu, um ótimo homem, mas eles estão vivendo um momento muito difícil”. É a segunda vez em pouco mais de 48 horas que Trump menciona o país como exemplo negativo do combate à pandemia. Na terça, em conferência ao lado do governador da Flórida Ron de Santis, afirmou: “O Brasil tem praticamente um surto, como vocês sabem (...) Se você olhar os gráficos você vai ver o que aconteceu infelizmente com o Brasil. Estamos olhando para isso bem de perto”.
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