Brasil

Idosa que passou mais de 50 anos fugindo da ditadura é reencontrada após roubo de casa em Tocantins

Mulher de 100 anos não via a família, em São Paulo, desde 1967. Ela foi localizada em Colinas do Tocantins

Correio Braziliense
postado em 01/05/2020 16:40
Idosa sentadaA tentativa de roubo de uma casa na cidade de Colinas do Tocantins (TO) levou a um reencontro familiar depois de mais de 50 anos. A vítima do roubo, uma idosa de 100 anos, era uma clandestina que deixou a família em São Paulo em 1967 para fugir da ditadura militar. A história foi revelada nesta sexta-feira (1º/5) pelo Jornal do Tocantins.

A idosa, que responde atualmente pelo nome de Maria Lidia, foi encontrada pela agente Maria Bethania Valadão, da 4ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Vulneráveis. A policial chegou ao local após uma denúncia de que usuários de drogas haviam tentado roubar a casa em 26 de março.

Ao Jornal do Tocantins, a agente contou que ficou impressionada com as condições da casa e com o fato de a idosa morar sozinha. "Quando vi aquela senhora, em completo abandono, eu fiquei chocada. Naquele instante eu falei para mim e para Deus que eu não sossegaria enquanto não desse um final feliz para ela", afirmou.

Após várias tentativas de aproximação, Bethania conseguiu com que Maria Lidia contasse sua história. Segundo a idosa, ela lutou contra a ditadura militar — tendo sido, inclusive, presa em 1967 — e ajudou a fundar o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) — embora a reportagem não tenha conseguido confirmar a informação junto à sigla. Após deixar São Paulo, ela passou por Goiás e Pará, até chegar ao local em que mora atualmente (que, à época, também era parte do estado de Goiás).

Maria Lidia viveu na humilde casa em Colinas do Tocantins com o marido até 2 de janeiro do ano passado, quando ele faleceu. Desde então, passou a morar sozinha, sendo importunada e extorquida por usuários de drogas da região, até ser encontrada pela polícia em março.

Saiba Mais

Depois de encontrar a idosa, a polícia local concentrou-se em localizar familiares. Acharam, em São Paulo, uma sobrinha. Com os relatos passados pelos policiais, a família constatou que Maria Lidia era, na verdade, Leonor Carrato, que havia deixado o estado do Sudeste em 1967 para lutar contra a ditadura militar. Os parentes, desde essa época, nunca mais tiveram notícias. 

Em meio à pandemia do novo coronavírus, a idosa e os familiares conversaram por videoconferência — ela, auxiliada por policiais — para confirmar o parentesco. Diante da descoberta, ainda conforme o Jornal do Tocantins, a família viajou de carro para Colinas, a tempo de participar, em 16 de abril, das comemorações dos 100 anos de Maria Lidia/Leonor Carrato.

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