Brasil

Primeiro hospital de campanha da União sofre com imbróglio burocrático

Unidade de Águas Lindas está pronta desde o último dia 23. Governo de Goiás, que é quem cuidará do local, informa que aguarda a transferência da gestão do governo federal para que possam atuar

Correio Braziliense
postado em 01/05/2020 17:10
Hospital no início das obrasO hospital de campanha de Águas Lindas (GO), primeiro do governo federal, está parado devido a imbróglios burocráticos entre governos federal e estadual. A construção foi finalizada na quinta-feira da semana passada (23/4), quando houve visita técnica. Agora, basta que o governo federal receba oficialmente a obra da empresa e transfira a gestão para o governo estadual, que é quem cuidará da unidade. 

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informou que está apenas aguardando a transferência, e que só depois da ação poderá começar a atuar no local. As obras foram iniciadas no dia 7 de março, com promessa de finalização em 15 dias - ou seja, 21 de abril. Na época, o Correio foi ao local e a secretaria de Saúde municipal informou que, além do período da obra, estava previsto mais 15 dias para compra de insumos e outros serviços para que a unidade iniciasse atendimento. 

Após visita técnica, no dia 23, algumas alterações foram solicitadas - como mudança da torneira, que era de torcer e passou para de fechamento automático (apertar). Tudo foi feito no dia seguinte, quando foi realizada a limpeza geral do espaço. A unidade está pronta, com, por exemplo, leitos, camas, mesas, cadeiras, refeitório e cozinha. Uma nova limpeza, dessa vez de manutenção, foi feita no início desta semana.

Até o momento, uma empresa de segurança está cuidado do espaço, mas ainda não há outros funcionários. Isso, e a compra de insumos, medicamentos e respiradores, fica por conta do Estado. Tudo deve ser realizado por uma organização social (OS) a ser contratada pelo governo estadual. 
 
Em nota, o Ministério da Saúde informou apenas que "está adotando as medidas necessárias para viabilizar o funcionamento do hospital de campanha no menor prazo possível, seguindo os ritos legais". A reportagem perguntou sobre previsão de funcionamento e o que está gerando o imbróglio burocrático, mas não houve resposta. 

A unidade já teve a instalação de postes de energia elétrica, mas ainda falta a construção de uma subestação para atendê-la. Isso precisa ser autorizado pelo governo. Dependendo do tipo de obra, a construção pode levar de dois dias a uma semana, em média. De qualquer forma, se precisasse iniciar atendimento, o local possui geradores, que foram colocados para uma emergência (como queda de energia), mas poderiam funcionar 24 horas. 

A unidade possui 200 leitos de internação, sendo que serão usados inicialmente 40 para suporte avançado. O investimento previsto foi de R$ 10 milhões. A reportagem enviou questionamentos ao Ministério da Saúde na tarde desta sexta-feira (1º/5), mas ainda não obteve retorno. 

Bolsonaro e Caiado
Quatro dias após início da obra, em um sábado, o presidente Jair Bolsonaro fez uma visita técnica no local ao lado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. O evento foi organizado pela presidência, que convidou o governador. Cerca de duas semanas antes, Caiado havia rompido com Bolsonaro, criticando a postura do chefe do Executivo nacional em relação à pandemia e dizendo que "as declarações do presidente não atravessam a fronteira de Goiás".

Saiba Mais

No mesmo dia da visita, Mandetta, que também é do DEM, foi embora com o governador de Goiás e passou o final de semana com ele. Naquela ocasião, o ex-ministro concedeu uma entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, de dentro do Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governo de Goiás. 

Mandetta falou sobre a diferença de discursos entre ele e Bolsonaro quanto às medidas de distanciamento social para conter o aumento de casos de coronavírus e disse que "o brasileiro não sabe se escuta o ministro ou o presidente". O ex-ministro, que já estava na corda bamba, perdeu o restante do apoio que ainda tinha dentro do governo e o desgaste culminou na sua saída na quinta-feira daquela semana, dia 16.

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