Correio Braziliense
postado em 06/05/2020 04:04
A cada dia o Brasil bate novo recorde da pandemia do novo coronavírus. Após superar a China, onde a doença se originou, o país apresentou, ontem, 600 mortes, o maior número registrado em um só dia. Segundo o último levantamento, o país chegou a 7.921 óbitos. Outros 6.935 casos confirmados da Covid-19 foram acrescentados em 24 horas, somando 114.715 registros. O ministro da Saúde, Nelson Teich, não esteve presente na coletiva do Ministério da Saúde. Coube ao secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, esclarecer as informações.
Nove estados, em especial, são os mais afetados pela doença, com mais de 100 mortes cada um: São Paulo (34.053), Rio de Janeiro (12.391), Ceará (11.470), Pernambuco (9.325), Amazonas (8.109), Maranhão (4.530), Pará (4.472), Bahia (4.040) e Espírito Santo (3.402). Em todas essas unidades federativas, as capitais são o epicentro da doença até o momento. O município de São Paulo registra 20.848 casos confirmados. A capital também soma 65% das 2.851 mortes em todo o território paulista, com 2.627.
Pouco antes da divulgação dos dados, o presidente Jair Bolsonaro disse que não sabia se tinha sido registrada queda de mortes e, se confirmada uma redução, seria “sinal de que o pior já passou”. Crítico do isolamento social, Bolsonaro tem defendido reabrir o comércio e diz temer colapso econômico. Os estados, porém, foram em sentido oposto ontem.
No dia em que a Ilha de São Luís, no Maranhão, primeiro estado a adotar bloqueio total para tentar frear a pandemia do novo coronavírus, começou a vivenciar o lockdown, mais cidades anunciaram que adotarão o modelo de distanciamento social mais rígido. Ontem, a capital do Ceará, Fortaleza, anunciou que a medida valerá a partir de sexta-feira. No Pará, 10 municípios passarão a viver a realidade de quarentena mais severa nesta quinta-feira.
As medidas tentam impedir que o número de óbitos e infectados cresçam ainda mais. Ambos os estados estão na lista das unidades federativas que já registraram mais de 100 mortes pela doença. No Pará, 4.756 pessoas testaram positivo para a Covid-19, que deixou 375 vítimas fatais na região. Já o Ceará tem 11.470 casos confirmados e 795 óbitos, sendo 8.509 infectados e 609 mortes em Fortaleza.
As novas regras foram anunciadas pelo governador Camilo Santana, que explicou que a decisão foi tomada após uma série de estudos e pesquisas. “Nós temos os números que comprovam que o nível de isolamento social reduziu muito, refletindo no aumento no número de casos e óbitos no Ceará, principalmente em Fortaleza. Mesmo com todo o esforço de abrir mais de mil novos leitos, o nosso sistema de saúde está chegando ao limite”, justificou.
No Pará, o lockdown engloba a maioria da região metropolitana de Belém, que soma sozinha quase metade do número de casos da doença e 198 óbitos, além de Vigia de Nazaré, Santo Antônio do Tauá e Breves. Os municípios apresentam média igual ou maior que 75 casos para cada 100 mil habitantes. Eles entraram no regimento mais severo por terem índice de contaminação 50% maior que a média do estado, que é de 51 casos confirmados para cada 100 mil habitantes.
“Sei que é uma medida difícil, mas temos, neste momento, que salvar a vida da população”, disse o governador Helder Barbalho. Nos primeiros dias, os habitantes das cidades submetidas ao bloqueio serão monitorados em caráter educativo. A partir de domingo, o descumprimento das novas regras poderá resultar em punições.
“Desses 600 óbitos, 25 (pessoas) evoluíram para o óbito no dia de hoje (terça-feira), ou seja, morreram hoje; 51 morreram ontem. Não são 600 óbitos que aconteceram nas últimas 24 horas. Algumas já tinham falecido, lamentavelmente”
Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde
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